Nota: No livro Grande Sertão
– Veredas; o personagem principal Riobaldo, que narra toda
a história diz: “Nas grandes travessias que fizemos,
somente a gente se lembra, do começo do caminho e do
fim, na chegada”.
Para os tempos de Guimarães Rosa, e mesmo o meu, de
antigamente, isso era a pura verdade. Os caminhos eram longos,
o caminhar lento, mesmo com os fordinhos daqueles tempos.
As estradas muito precárias. Eram trilhas. Quando não,
viajava-se a cavado, carro de boi ou carroça de mulas.
Assim lembrava-se muito bem da saída, e a mente se
concentrava em conseguir chegar. Era como um túnel,
a ser percorrido. O piso era de: areia, buracos, barro, costela
de vaca ou ribanceira. A chegada era uma vitória, pois
significava o fim o destino.
Hoje, com ótimas estradas e conduções.
Internet com o “Google Earth”, e o indispensável GPS,
a viagem é uma emoção contínua.
Fiz questão de descrever esta viagem para tentar mostrar
um pouco deste Brasil, maravilhoso e tão vilipendiado.
Fizemos todos os trajetos tranqüilos e seguros, sem perguntar
nada a ninguém, pelo GPS, não nos perdemos.
A todo o momento sabíamos exatamente onde estávamos
e para onde iríamos, e o tempo que levaríamos
para o destino. Tudo isso torna a viagem uma grande aventura
e uma forte emoção.
Mas em um outro livro de Guimarães Rosa ele muito apropriadamente
diz: “ O real não está nem na saída
nem na chegada: ele se impõe pra gente é no
meio da travessia”.
Mapa da terceira e última etapa da viagem.
Aí esta o traçado super-resumido do último
trecho de nossa viagem, são fotografias da tela do
GPS 276C, a rota, como pode-se ver, foi divida em 3 etapas,
sendo esta última a mais longa de todas.
Passamos Patos de Minas e 8 km à frente entramos para
Presidente Olegário na MG-354, passamos pelas cidades
de Ponte Firme e Lagoa Grande, onde pegamos a BR-040 ( Belo
Horizonte – Brasília) com destino a Paracatu e Unai.
Até Paracatu a estrada é movimentada com muitos
caminhões. Em Paracatu pega-se a MG-188 à direita
e com rumo ao norte, até Unai, passa-se dentro de um
bairro da cidade, toma-se rumo nordeste com destino a Arinos.
Em Arinos, continua-se praticamente no mesmo rumo, em estrada
de terra (muito boa) até o destino Chapada Gaúcha.
Chegada a Chapada Gaúcha: A chegada
foi um impacto, lembrei da cidade de Dourados MS, há
40 anos atrás. Nenhuma rua asfaltada, uma poeira que
invadia tudo. Chegamos a nos perder dos companheiros no meio
da poeira. Logo nos localizamos e nos acostumamos com tudo,
era o Sertão!
Achar o hotel foi no “boca a boca”, pois passamos duas vezes
em frete a ele e não o identificamos, pois não
tinha nenhuma placa de sinalização.
O jantar: Pelo ataque dos “índios Kalapalos” pode-se
imaginar quanta “viajada” estava nossa fome. Na primeira mesa
eu ataco minha fome “antiga”. Na mesa, no lugar dos amigos
as inseparáveis latinhas de Skol a espera.
Na segunda fotografia, todos comendo a saborosa comida do
melhor restaurante da cidade. As sumidas luzes, ao fundo,
são da praça principal da cidade, que por sinal
é um quarteirão de terra batida. Ao lado desta
“praça” está a prefeitura municipal e a delegacia
de polícia.
CHAPADA GAUCHA,
PARQUE NACIONAL GRANDE SERTÃO – VEREDAS.
DIA 17-08-2006.
Aí está a fotografia da região
de Chapada Gaúcha, tirada a 30 km de altura. No centro
está à cidade, no meio da fotografia, os retângulos
simétricos são as áreas de plantação
dos gaúchos, elas vão até o vãos
ou
buracos. Estes são ravinas, íngremes que descem
mais de 300m, para os Campos Gerais, de topografia regular
e rica em sedimentos arenosos. Guimarães Rosa descreve
muito bem a cena dos cavalos e mulas de carga, subindo estas
vertentes íngremes e as chamam de: “Rói Rampas
”.
Onde a seta está apontando para o Parque Nacional Grande
Sertão Veredas é a nascente do Rio Preto, perto
da cidade de Chapada Gaúcha, ele é um importante
afluente do Carinhanha, está a Noroeste da cidade.
A Este da cidade, no Vão dos Buracos nasce o Rio Pardo,
que esculpiu durante os últimos milhões de anos,
um grande cânion, com mais de 40 km de extensão,
em direção a Este, este rio deságua no
Rio São Francisco.
Mapa esquemático do Parque Nacional Grande
Sertão Veredas.
Sertão é palavra nossa não tem em outras
línguas. É o inverso da cidade e da civilização.
Sertão é nosso mar interior (Darcy Ribeiro).
O Sertão de Minas é chamado de Campos Gerais
– os Gerais. Começam ao norte das cidades de Corinto
e Curvelo e se alargam para noroeste até se molhar
nas águas escuras do Carinhanha, até esbarrar
nas serras de Goiás, até se mergulhar sobre
as terras da Baía.
Guimarães Rosa gostava mesmo era dos Gerais. Do “Alto-Norte
brabo” que começava depois de Cordisburgo, sua cidade
natal. Ele conversava com todo o povo destes Gerais e depois
os imortalizou em seus memoráveis livros. O Sertão
dos Gerais é recoberto pelo cerrado. O chão
é arenoso, as árvores, para se proteger da seca
e das queimadas, têm a casca grossa e os galhos retorcidos,
os arbustos tem espinhos. Guimarães Rosa conhecia de
longe as árvores do cerrado: imbaúba, barbatimão,
pequizeiro, jatobá, e outras. O buriti enfeitava as
veredas.
Diz Guimarães Rosa: “O senhor estude: o buriti é
das margens, ele cai seus cocos na vereda – as águas
levam – em beiras, o coquinho as águas mesmo plantam;
daí o buritizal, de um lado e do outro se alinhado”.
Esclarecimento: A cidade de Corinto, antiga Curralinho, fica
na margem direita do rio São Francisco. É considerada
a cidade que fica no centro geográfico do Estado de
Minas Gerais. Está às margens do médio
Rio das Velhas. Foi um importante pouso dos trapeiros que
se dirigiam ao norte de Minas e a Baía. Era chamada
da Porta do Sertão.
O Rio das Velhas é o principal afluente da margem direita
do Rio São Francisco, em extensão é o
maior rio tem mais de 800 km. Passa por mais de 50 municípios,
nasce perto de Ouro Preto, passa por Belo Horizonte, que é
o maior poluidor de suas águas. Tem direção
de sudeste para noroeste, passa por Corinto, Curvelo, Cordisburgo,
entre muitas outras cidades. Deságua a jusante da cidade
de Pirapora. Como afluente do Velho Chico, em volume de água,
perde para o Rio Paracatu.
Primeiro dia em Chapada Gaucha:
Este é nosso hotel (Veredas), estamos nos preparando
para iniciarmos os passeios. Em primeiro lugar fomos ao IBAMA,
pegar os papéis, com o chefe Sr. Kolbe Soares e também
o guia, Sr. Anderson Lopes Santana, depois saímos com
destino ao Parque Nacional.
O guia era muito bom e nos foi explicando tudo sobre a região.
Para mim foi uma experiência extraordinária,
pois os campos e os cerrados do parque lembraram-me de forma
muito viva, minha infância nos campos de Casa Branca,
cinqüenta anos atrás. Eram os faveiros, com suas
pequenas folhas em leque, com as quais cobríamos as
cestas do cajuzinho do campo.
Hoje lá, na região do sertão, eles chamam
essa árvore de ficheiro, pois colhem sua semente, que
é semelhante a uma ficha, e exportam para a Alemanha.
Ela serve para fazer um remédio muito importante, se
não me engano para a pressão. Estas sementes
representam uma importante fonte de renda para os moradores
da região.
Este é o muro da sede do Parque Nacional Grande Sertão
Veredas. O nome foi dado em homenagem ao escritor Guimarães
Rosa, o parque preserva parte do planalto denominado Chapadão
Central, que divide as bacias dos rios São Francisco
e Tocantins (Terra do Meio). Com topos relativamente planos,
sua altitude varia entre 600 e 1200 metros, enquanto os vales
limitados por margens bem definidas, têm áreas
de inundações.
O solo é constituído em grande
parte por sedimentos aluvionares, de tipo arenoso, que preenchem
as calhas dos rios e se estendem às suas planícies
de inundação. Ocorre também a formação
Urucúia, caracterizada por depósitos fluviométricos,
de coloração quase sempre avermelhada. Teremos
oportunidade de ver a poeira vermelha, em muitas ocasiões
durante nossos passeios pela região, e, mesmo na estrada
de Arinos à Chapada Gaúcha.
A vegetação é dominada pela savana, ou
cerrado, com mata de galeria nas margens dos rios: Preto e
Carinhanha.
O Parque Nacional Grande sertão – Veredas, foi criado
em 12 de abril 1.989, com sede no Município de Formoso,
abrangendo os estados de Minas Gerais e Baía. .
CIDADE DE CHAPADA GAUCHA.
Aí estão 2 fotografias que representam a cidade
de Chapada Gaúcha., na primeira o aspecto da rua que
passa em frente ao Hotel. Na segunda, é da avenida
que corta a cidade. Seguindo reto por esta avenida, a gente
sai na estrada que vai, com destino a Vila das Araras, Januária
e São Francisco, em direção a Este.
Perpendicular a esta avenida, tem uma outra estrada, de onde
viemos de Arinos, continuando reto ela passa por Chapada Gaúcha,
(foi quando quase passamos retos) e vai para a cidade que
se chama Montalvânia. É o nome do fundador da
cidade e quem em décadas passadas fez a estrada. Ele
queria ligar sua cidade a Brasília.
Trilhas GPS 276C.
Este é traçado de nossos caminhos nas viagens
que fizemos em toda a região: Ao Parque Nacional Grande
Sertão – Veredas e a outros lugares que visitamos.
A escala é de 30km por centímetro, muito reduzida
por sinal. Contudo os “tracks”, que fizemos são absolutamente
fiéis ao traçado apresentado. Estão nominados
os principais pontos para serem identificados no filme e nas
fotografias.
- Nas trilhas do setor Norte, Rio Carinhanha e Rio dos Bois.
Andamos mais ou menos 188 km, no primeiro dia.
- As trilhas do setor Sudeste, Vão dos Buracos, Buraquinhos
e Serra das Araras deu 230km, no segundo dia.
A mancha verde do Parque Nacional em Minas Gerais, a área
do parque na Baía não está representada
no GPS.
NO PARQUE NACIONAL.
Esta é a trilha típica do Parque Nacional. São
grandes areões e estradas apertadas entre árvores
retorcidas típicas do cerrado. Caminha-se nas trilhas
em suas curvas, de antigas andanças, talvez iniciada
pelos índios Caiapós, que moravam nestas regiões.
No alto das elevações, descortinam-se longos
horizontes de infindáveis veredas e sertões.
Realmente são grandes estes abertos, são infindáveis
estes estirões, estávamos entrando no tão
bem descrito: O Liso do Sussuarão, travessia dramática,
contada por Riobaldo (Urutu-branco), ao compadre Quelemem.
Quando seu bando de jagunços, chefiado por Medeiro
Vaz, tenta chegar ao estado da Baía, cruzando o Rio
Carinhanha, para dar combate ao chefe jagunço, Ricardão.
Das areias soltas, sente-se o forte das descrições
de Guimarães Rosa em seu principal livro: Grande Sertão
: Veredas. Os animais sedentos, cobertos de branco do suor
evaporado e da poeira das trilhas, cambaleantes, ofegantes,
trôpegos, cruzando a passos o Liso do Sussuarão.
A descrição ganha muita força ao cruzarmos
estes mesmo lugares, é incrível a precisão
das descrições do imortal Guimarães Rosa,
o autor diz: Liso do Sussuarão. (lugar deserto, difícil
de passar, bandidos escondiam depois dele, água não
tem, se emenda em si mesmo, lá não tem excrementos
não tem pássaros).
Nesta fotografia estamos na entrada oficial do Parque. De
um lado, direito, a plantação de braquearia
que ameaça o Cerradão do Parque Nacional. Este
capim é estrangeiro nestas terras, é um invasor
terrível. Perto da sede do parque, fazenda Carinhanha,
já existe muitas moitas deste capim. Como no parque
não pode ter animais, vacas principalmente, o capim
não terá nenhum “inimigo” natural, assim com
o passar do tempo ele terá toda a oportunidade de invadir
o Parque, mudando radicalmente sua ecologia. É esperar
para ver.
IMPORTANTE FALAR UM POUCO DA GEOGRAFIA
DA ÁREA E DO PARQUE.
Os chamados Gerais compreendem a faixa que
vai do Noroeste de Minas Gerais ao Sul do Piauí, passando
por todo Oeste baiano, na margem esquerda do rio São
Francisco. A ocupação humana da região
se confunde com a do vale do São Francisco, habitada
por populações pré-históricas
há 11 mil anos. Depois passaram pelo local os índios
Caiapós e os bandeirantes. Mais recentemente, a população
é menor, e esparsa, sobrevivendo à custa da
agricultura de subsistência e da criação
do gado.
No final dos anos 70, o local começou a sofrer pressões
advindas da expansão do cultivo da soja no cerrado.
Para preservar a vegetação, parte responsável
pela recarga do Aqüífero Urucúia, e onde
nascem os mais importantes rios da margem esquerda do São
Francisco, em 1989 foi criado o Parque Nacional, e em homenagem
ao escritor ele se chama: Parque Nacional Grande Sertão
– Veredas.
As grandes plantações ontem de soja, hoje de
milho e semente de capim, fazem uma pressão imensa
sobre o Parque, em virtude de agrotóxicos, de fogo
que é colocado nas palhadas e mesmo de aumento da área
de suas plantações, pois o parque está
na Lei, mas, ainda não se completaram as desapropriações
e sua rigorosa demarcação.
Estrada de chegada ao Parque.
Está é uma estrada de terra típica desta
região, na seca, pois quando chove, tudo muda de figura.
Na primeira fotografia estamos cruzando com a Nissan do IBAMA,
onde estava o chefe Kolbe Soares, não deu tempo de
parar.
Na segunda fotografia, assim como na primeira, podemos ver
que, do lado direito estão as terras cultivadas, do
lado esquerdo o cerrado, o sertão! Segundo o guia existe
uma guerra feia entre os dois. As terras cultivadas, sempre
ganhando terreno do cerrado, são as queimadas, e depois
nos recantos distantes, onde as demarcações
são imprecisas, as grandes máquinas agrícolas,
aos poucos vão invadindo tudo. Como disse um sábio:
“ Quem dorme com elefante, sempre tem medo de ser esmagado”.
Estradinha dentro do Parque. Grandes recordações
do passado. Há mais de 50 anos, a estrada que ligava
Casa Branca, Lagoa Branca, Mogi-Mirim e Campinas, era assim.
Campos, como diziam os mais velhos, não valiam nada!
Só areia e uma terra ácida, sem serventia nenhuma.
Conheci áreas comuns de campos em Casa Branca, ninguém
era dono, queimava-se o campo, na brota todos soltam seu gado.
Quando vinha a seca, eles as apartavam, sem problema nenhum.
Hoje em Casa Branca e região estes mesmo campos são
as terras mais valorizadas de toda a região.
Dizem que o presidente dos USA, Roosevelt, quando esteve em
São José do Rio Pardo, passando de trem pelos
campos de Moigi-Mirim a Casa Branca, disse: Não
entendo os Brasileiros. Plantam café no meio das pedras
e serras, e deixam estas terras planas e boas abandonadas!”
Aqui fizemos uma importante parada, (Parada do Veadinho),
é um ponto dos mais altos dentro do Parque, avistamos
o Vão em cujo topo está Chapada Gaúcha
. Como o lugar é muito alto, pode-se ter uma visão
da parte sul do parque. Avistamos também a vertente
onde nasce o Rio Preto.
Ao longe, filmamos os três morros
Dos Três Irmãos, um marco referencial precioso
para os viajantes de tempos passos. Era o balizamento para
o Rio Preto, na caminhada para o esconderijo de Antônio
Dó, e para quem buscava o Carinhanha e a travessia
até à Baía.
No distante horizonte está o
início, lado Este, do Parque Nacional Grande Sertão
– Veredas. Ele tem uma boa área em Minas Gerais e outra
maior no estado da Baía. “Aí: o Sertão
se emende em si mesmo” é “ maior que o mar
Uma visão para o lado Sul do PNGSV (Parque Nacional
Grande Sertão Veredas). Cerrado alto, que se estende
a perder de vista. Salienta-se no distante horizonte o Morro
dos Três Irmãos, era um marco importantíssimo
para o jagunço Antônio Dó, chegar a seu
esconderijo no Rio Preto. Iremos até lá conhecer
o lugar, que fica às margens do Rio Preto.
A estrada é uma pintura, gravada em minhas recordações,
do livro de Guimarães Rosa e de meu passado, distante.
O que recobre os Gerais é o cerrado. Chão de
areia, árvores tortas, arbustos espinhudos: quando
não é pasto para o gado, é paisagem de
savana tropical, que era rica em bichos e em plantas, como:
palmeira buriti, barbatimão, pequizeiro, barriguda,
jatobá, taquari, mangaba, caju do campo, faveiro, entre
outras.
Esta é a abandonada fazenda Carinhanha. Quantos sonhos
enterrados nestes casarões, quanto dinheiro perdido,
quantas almas entristecidas pelo insucesso da empreitada,
quantos empregos...A vida continua, hoje apenas uma casa é
usada como sede do IBAMA no Parque, para tomarem conta de
toda esta imensa região.
Estamos em uma das sedes do Parque. Esta se localiza dentro
da área da antiga fazenda Carinhanha. Era uma imensa
fazenda, com muitas construções, refeitórios,
bela casa da sede e com mais de 100 empregados. Com o declínio
do gado na região, os donos faliram e a abandonaram,
foi desapropriada para a inclusão no Parque.
No total o Parque hoje tem mais de 250.000ha, abrangendo o
estado de MG e BA.
Na primeira fotografia, estamos nós com os dois guardas-parque,
que devem olhar de toda uma imensa região, como os
jagunços, a cavalo. Eles não têm condução
motorizada. Nos últimos dias uma onça, matou
e comeu um dos cavalos dos guardas.
Senti nos guardas até certo orgulho ou felicidade,
não sei bem, por que, pelo fato de uma onça
ter comido um dos animais deles. Foi como se eles estivessem
cuidando tão bem da área que as onças
já estavam se aproximando da região.
É um problema isso, em outras áreas, pois quando
um fazendeiro perde um animal para um felino, o primeiro impulso
dele é partir para matar o “animal assassino”!
Na segunda fotografia, eu estou à frente de um majestoso
pé de Pequi, uma árvore protegida por leis severas
e representa a dicotiledônea mais famosa de todo o sertão.
Produz frutos que serve para tudo: Licores, mistura-se no
arroz, no frango, come-se puro, etc,etc...
Importante notar nesta foto que o capim que circunda a área
do pequizeiro não o nativo da região, o barba-de-bode,
mas a invasora baquearia que está presente em todo
o contorno do parque e de onde tiram a semente para vender
para todo o Brasil e para o exterior.
A primeira fotografia é de uma palmeira chamada de
canela de ema, ela cresce até uns 2m e depois seca.
É muito citado por Guimarães Rosa, nas andanças
pelos Gerais, pois quando seca é um excelente material
para se fazer um “fogo esperto” para “queimar um alho” ou
fazer um café. Na segunda foto o ipê-amarelo
em destaque, uma árvore retorcida, com a casca grossa
e que resiste às queimadas, é um enfeite para
o sertão.
O GPS está marcando a posição
real da caminhonete em relação ao Parque, é
o pequeno triângulo na fotografia, que está do
lado de Minas Gerais, mas bem na divisa, às margens
do Rio Carinhanha. O mostrador do aparelho mostra também
a altitude que estamos, isto é, 702,7 metros. Isso
significa que o rio ainda corre no planalto. O verde da imagem
na tela é uma parte do Parque Nacional que está
em Minas Gerais, a outra parte mais a oeste, está no
estado da Baía.
Esta estrada simpática acompanha
uma vereda (Trilha das Veredas), margeando o Córrego
da Onça. Os pés de buriti nascem ao longo das
veredas plantados pela própria natureza. Normalmente,
as estradas e trilhas, corriam entre as veredas e o cerrado.
Trecho de Grande Sertão : Veredas: “ E o buritizal:
de todas as alturas e de todas as idades, famílias
inteiras muito unidas: buritis-velhuscos, de palmas contorcionadas,
buritis-senhoras, e, tocando ventarolas, buritis meninos”.
Estamos com a filmadora no meio de
uma vereda e gravamos esta imagem em direção
ao cerrado, nota-se perfeitamente uma nítida divisão
entre um e outro. Isto é entre a verede e o Cerrado.
Segundo o guia, são as condições do solo:
acidez , umidade, que não permitem que as árvores
do cerrado invadam as veredas e vice-versa.