Nestas fotografias pode-se perfeitamente
as veredas, o cerrado, os buritis e as buritiranas ou Xiriri.
BURITI: É a palmeira símbolo das veredas. Existe
um palácio que se chama Palácio do Buriti, em
Brasília, que é a sede do governo do Distrito
Federal. Este buriti, em frente ao palácio, foi mandado
plantar por Lúcio Costa em 1959, quando em 21 de abril
do mesmo ano a capital foi inaugurada pelo presidente Juscelino
Kubitschek de Oliveira.
Do buriti, eles usam tudo: As folhas – para cobertura das
casas; o caule para todos os tipos de construções;
a fruta – alimento, farinha, protetores solares (Natura),
coco-de-palmeira buriti.
Buritirana ou Xirixi: Também chamado de mãe
do sertão. Seu fruto é colocado na água,
e depois de algumas horas, solta um leite, de ótima
qualidade, que é dado às crianças. De
seus caules tira-se fibras de grande resistência.
Vassourinha ou alecrim: Usado como vassoura e também
para limpar as cinzas de forno à lenha.
Segundo os antigos quando um forno é limpo com alecrim
a carne ou pão a ser assado no forno tem um sabor muito
bom e inigualável.
Já cheguei ir ao brejo pegar alecrim para limpar forno
e assar leitoa.
Chegamos no Rio Carinhanha.
Rio Carinhanha, de um lado Minas Gerais onde estou, na outra
margem (esquerda) a Baía. Há quanto tempo espero
por este encontro. Desde que ouço falar dos Gerais,
do Sertão, de Riobaldo, cavalgando, léguas e
léguas, para atingir suas águas. Queria muito
conhecer estas veredas. Ver suas águas mansas e limpas.
Assistir o encontro do córrego da Onça, com
seus cardumes de pequenos peixes, desaguando no Carinhanha
e depois, mais a baixo, o rio traça uma vereda balizada
por imponentes Buritis. Este foi para todos nós um
dos momentos mais importantes da excursão.
Nota: O Rio Carinhanha nasce no estado de Goiás. Percorre
cerca de 450 km e deságua no Rio São Francisco,
é seu quinto maior afluente. Nos lugares por onde andamos,
ele ainda guarda uma razoável biodiversidade, mas,
se não houver nenhuma medida para conter o ataque impiedoso
à natureza, não irá demorar para ele
torna-se mais um rio de morte anunciada no Brasil.
Na primeira fotografia um riacho, absolutamente limpo, chamado
Córrego da Onça. Como já mencionei, ele
deságua pouco a baixo, de onde estamos, no rio Carinhanha.
Na segunda fotografia estamos todos reunidos para uma fotografia
histórica, no Grande Sertão – Veredas.
Nota: Esta terra arenosa, ao fundo da fotografia, é
uma erosão iniciada às margens do rio. Toda
areia deste desbarrancado cai no rio, que lenta e ininterruptamente
a transposta, assoreando todos os lugares por onde passa,
chegando até o São Francisco. São milhares
de erosões como esta, pois a mata ciliar foi destruída
e os buritis, em sua grande maioria foram cortados.
Na primeira fotografia nosso grande técnico de filmagens
o Fábio, meu sobrinho, de costas para uma vereda enfeitada
de buritis. Na segunda fotografia estou de costas para o Rio
Preto, que desce limpo de sua nascente na serra, brotando
das vertentes do Aqüífero Urucúia. Logo
a baixo de onde estou ele deságua no Rio Carinhanha.
É um encontro de águas limpas, de lugares inesquecíveis
e visto por poucas pessoas, segundo nosso guia.
Fábio relutante enfrenta a água fria do Rio
Preto, em seu encontro com o Rio Carinhanha. Notem como é
limpa a água do Rio.
Esta fotografia é de um lugar muito especial. O limpo
e gelado Rio Preto lançando suas águas no quente
Carinhanha. Diz Guimarães Rosa: O Paracatu é
moreno o Carinhanha preto. Do lado esquerdo da fotografia,
margem direita do rio, o grande Estado de Minas Gerais, no
outro lado, direito da fotografia, o estado da Baía.
Segundo nosso Guia, que chegou ler um trecho
de Guimarães Rosa nesta barranca de rio. Tem dois trechos
do romance, que retratam esta região: No primeiro,
Guimarães Rosa diz que o Rio Carinhanha e o Piratininga,
nascem na mesma vereda, no município de Formoso, mas
um de costa para o outro, o primeiro corre para o São
Francisco e o Piratininga corre para o Urucúia.
O guia às margens do Carinhanha, lê com ênfase,
Guimarães Rosa, muita cultura, neste Sertão.
Graças indiscutivelmente a um homem, que soube entende-lo,
e transcrever suas histórias.
Diz Guimarães Rosa: “Água nos Gerais viaja assim:
aflora do fundo da terra, vira córrego, vira rio e
depois vai desaguar no Velho Chico”.
Nota: Hoje sabemos, as águas brotam do Aqüífero
Urucúia. Quando ele disse isto não se conhecia
este reservatório imenso no subsolo da região.
No segundo, trecho do livro, Riobaldo em
sua trágica travessia do Liso do Sussuarão,
isto é dos Rios Urucúia & São Francisco,
para o estado da Baía, sonhava em chegar nesta passagem,
Rio Preto & Carinhanha, para montar acampamento, se lavar
e dar de beber à tropa estropiada. Na realidade, o
bando não conseguiu completar a travessia, pois, animais
morreram de sede, outros punham sangue pela “venta”...tiveram
que retornar.
Estamos ( Pedro Baía, Zelão, Marcelo e Elias)
à frente de um pé de Pimenta-de-macaco, é
uma árvore muito comum em todos os campos e cerrados
do Brasil. Eu a conheço deste menino, mas nunca vi
um macaco comendo suas pimentas. Na segunda fotografia estou
à frente do Rio Carinhanha, temos uma filmagem de todos
atravessando o rio para chegarem à Baía. Isto
sim que é chegar à Baía nadando, incrível
este feito!
Aí está um feito heróico, atravessar
a nado de Minas Gerais para a Baía. Os companheiros
fizeram isso. Ficamos realizados.
Marcelão, o Olímpico!
Todo mundo contentou-se em atravessar de Minas para a Baía
a nado, mas o Olímpico Marcelão quis atravessar
no pulo. Saiu correndo e deu o maior pulo que conseguiu, mas
não deu. Não desanimou, foi no nado mesmo. Não
contente, tentou o inverso, saltar da Baía para Minas,
no pulo, parece-me que enterrou na areia do Carinhanha.
Esta é uma típica e importante vereda do Rio
Carinhanha. Os companheiros estão nadando. Boiaram
rio a baixo. À direita da fotografia Minas Gerais (Marcelo
sentado na praia). Zelão boiando no meio do rio, dizia
estar com um braço em Minas e o outro na Baía.
Pedro e o guia caminhando pelas praias na margem esquerda,
Baía.
Este é o Rio Carinhanha, perto da cidade do mesmo nome.
Esta fotografia foi tirada da Internet, ela retrata o rio
pouco antes de sua desembocadura no Rio São Francisco.
Observar as lavadeiras, moradoras ribeirinhas. Como rotina
se encontram às margens do rio para seu trabalho. Certamente
colocam as fofocas da região em dia também. Segunda Parte da Viagem dentro do Parque Nacional
G.S.V..
Saímos com destino ao Rio Pardo. Iríamos conhecer
um marco importante do histórico de idos tempos. Era
o acampamento onde um jagunço famoso, Antônio
Dó, descrito por Guimarães Rosa, havia feito
seu esconderijo e acampamento para fugir da polícia.
Conhecemos uma pessoa Sr. Zé Bandeira que nos contou
algumas histórias de suas maldades pelo sertão.
Nesta fotografia, estou à frente de um pé de
cajuzinho-do-campo. Existem moitas e moitas desta preciosidade
por toda a reserva. O guia está à frente de
um pé de gabiroba, que dá uma fruta muito apreciada
por pelos animais silvestres do parque.
Descreve Guimarães Rosa: Quando se
sai de uma vereda as árvores vão se espaçando,
o capim raleando parece que o mundo vai se envelhecendo no
descampante. No trajeto 2, assinado no mapa.
Neste segundo trajeto fizemos uma trilha incrivelmente linda.
Filmamos algumas aves. Atravessamos trilhas esburacadas com
as caminhonetes em marcha reduzida. Ao longe no horizonte,
vimos as escarpas das encostas do “Roi Rampas”, que se situam
a Oeste dos Vão dos Buracos. Elas correspondem às
encostas dos chapadões, que abruptos despencam para
as nascentes do parque. Estas escarpas são como cortes
imensos expondo pequenas fendas do Aqüífero do
Urucúia, por onde brotam a límpida água
das nascentes dos riachos, que se unem formando os ribeirões
e esses os rios: Preto, da Onça, dos Buritis, entre
muitos outros, para formarem ao final o Carinhanha.
Estamos descendo uma estrada esburacada com destino ao Rio
Preto. Esta é a parte boa da estrada. A L-200, do José
Fernando, com o jogo de pneus novos, passava pelos grandes
areões e buracos do caminho, com a maior tranqüilidade,
ele estava machão. Com a S-10 fiquei um pouco apreensivo,
contudo, ela surpreendeu-me, comportando-se muito bem em todas
as situações.
Os pontilhados no mapa do GPS são
os pontos por onde passamos com as conduções,
eles estão arquivados no computador e esta trilha pode
ser reproduzida quando necessário. Iremos colocá-las
também na internet disponibilizando-as a outros aventureiros.
Trajeto 1 = Rio Carinhanha, divisa Baía.
Trajeto 2 = Rio Preto, acampamento de jagunços.