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VIAGEM AO PANTANAL, REGIÃO DO RIO PIQUIRI.
Saída no dia 25-09-2003.
CAPÍTULO I.


Nesta viagem, por termos nos lembrado muito do saudoso primo José Cássio Marques Carvalho, vamos dedicar este relato do passeio a ele:
Preclaro primo e amigo José Cássio: Na imensidão destas águas azuis, deste verde exuberante onde a onça pintada ainda sobrevive, elevamos nosso pensamento a você, pois o imaginamos aqui conosco, uma presença espiritual tão concreta quanto o seria a física, pois confiamos que um dia, em algum tempo, na eterna sabedoria e magnificência de Deus, estaremos juntos recordando esses acontecimentos.


Esta fotografia foi obtida por um satélite da EMBRAPA. Região de Corumbá, a capital do Pantanal. Ela mostra
apenas a microrregião de Corumbá. O traçado azul é o Rio Paraguai; na base da foto, onde há uma bifurcação do rio, a mancha quadriculada é a cidade de Corumbá. A mancha azul é o Porto Soares na Bolívia. Escala: 1:25000. Depois da ilha, que aparece na fotografia, mais ou menos 20 Km acima, fica o Porto Saracura, onde
tivemos que parar o barco Shekinah para pouso, em virtude de mau tempo terrível, que se formou a partir da meia noite.
Esta foto do satélite simboliza a beleza que é o nosso Pantanal, visto do espaço. É a maior planície alagada do mundo.


Resumo da viagem:


Nosso programa seria sairmos de Ribeirão Preto na quinta-feira por volta de 19:00h, eu e o Machadinho, para irmos dormir em Três Lagoas. No outro dia, sexta-feira, nos encontraríamos com o Augusto em Água Clara, idade onde ele tem uma de suas fazendas.
Sairíamos de lá com as duas caminhonetes, para nos encontrar com o Patrick, filho do Machadinho, em nastácio, e seguirmos para Corumbá, onde pegaríamos o Barco Shekinah, para fazermos a maior pescaria de todos os tempos.
São 16:00hs do dia 25-09-2003. Faltam três horas para a saída para o Pantanal. Com tempo livre no consultório, entrei na Internet para ver, pelas fotografias do satélite da EMBRAPA, a localização exata do tal Rio Piquiri.
Fui seguindo o Rio Paraguai para o norte e localizei a barra do Rio São Lourenço, o qual subiríamos após abandonar o Rio Paraguai, para então passar pelo Porto Jofre, alcançando, finalmente, o Rio Piquiri. Bem, companheiros, fiquei gelado diante da imensa distância a ser percorrida. Fiquei gelado diante da complexa rede hidrográfica da região. Enfim, seria uma aventura mesmo. Na mesma hora liguei para o Comandante Chico, em Corumbá, para sentir se ele estava preparado. Ele iria levar um pirangueiro, o Padilha, que era profundo conhecedor da região. Senti firmeza. Ele havia enchido os dois tanques de óleo diesel do barco, que são 1.500 litros, mais um tambor com 200litros. A tripulação estava nos esperando para sairmos de Corumbá às 16:00 do dia seguinte.
Ribeirão Preto (waypoint), posição geográfica pelo GPS, em minha casa:
Latitude Sul 21º 19`3534``; Longitude W 47º 81`2570``.
Ás 19h e 20m, Machadinho e eu saímos de Ribeirão Preto com a Silverado.
Tínhamos 490km pela frente até chegarmos em Três Lagoas.
A viagem foi uma maravilha! Dá gosto transitar pelas estradas do Estado de São Paulo...A mesma sensação tivemos quando pegamos a pista dupla da via Marechal Rondon.
Coloquei 130km/h no automático e seguimos, numa ótima prosa, até nosso destino.
Praticamente não vimos o tempo passar, embora tivéssemos percorrido 475km em 4h e 13m, conforme o GPS.
Dormimos no hotel Vila Romana. No outro dia, iríamos nos encontrar com o Augusto, às 9:00h, em Água Clara, mas, as 6:00h, já estávamos de pé. Adrenalina solta no sangue, pé na estrada.
Chegamos ao destino trinta minutos antes do combinado, mas o Gustão, por motivos justos, atrasou-se vinte minutos, o que é normal. Tentamos nos comunicar com ele pelos celulares e pelo telefone da fazenda, mas não o conseguimos. O importante é que ele chegou animado e assim, “batemos” para Campo Grande,
nossa próxima parada para abastecimento. O Machadinho foi com a Ranger do Gustão, assim, ele e eu pudemos ir proseando sobre vários e empolgantes assuntos.
Aí ficou mais difícil de andar na estrada, tantos eram os buracos existentes. De todos os tamanhos, largura e profundidade, espalhavam-se por todos os lugares, até mesmo no acostamento – quando havia...Nessas horas dá saudade dos pedágios e das boas estradas paulistas...
Com todo cuidado e atenção, andando dentro dos limites máximos de segurança, conseguimos chegar em Campo Grande às 11h20m.
Abastecemos, e partimos para Aquidauana&Anastácio, aonde chegamos às 13:00h, em cima da pontualidade, conforme o combinado com o Patrick. Ele havia ligado quando estávamos em C. Grande, e eu disse para ele e o pai irem com a Ranger do Gustão. Assim, foi chegar e sair, pois ele já estava preparado.

Na primeira fotografia, Machadinho em posição de partida do Hotel em Três Lagoas, hora 7:00. Na segunda fotografia, Patrick, Machadinho e Augusto, em Anastácio na porta do hotel onde nos encontramos com o Patrick, o mais novo companheiro do grupo.
Os 75km de asfalto da estrada de Anastácio a Miranda estavam bons, felizmente.
De Miranda para frente existem trechos que dão medo, pois os caminhões, ao se desviarem dos buracos, vêm por cima dos demais veículos, mas conseguimos andar sem grandes problemas.
Chegamos em Corumbá, ou, mais precisamente em Ladário às 16:00hs, ou seja, com mais de 1 hora de atraso do nosso plano original.
O GPS acusou 1235 Km de Ribeirão Preto a Corumbá, com um tempo real de viagem muito bom: 12h36m, descontando as paradas.
Corumbá – Waypoints, Porto do Hotel Gold Fish em Ladário:
Latitude Sul 19º 00`0146`` e longitude W 57º 55`7373``.
Somente saímos do porto às 17:30, pois o Patrick foi comprar umas coisas que faltavam e eu fui ver outras; assim, houve mais um pouco de atraso. Antes de sairmos, o Chico chegou para mim e disse: -- Doutor, pelo que andei conversando, o óleo diesel que temos não vai dar para a viagem, acho que devemos levar mais 300litros! - Não tem dúvida, Chico, pare no atracadouro do posto e vamos levar. Assim, de atraso em atraso, saímos de Corumbá somente na “boca da noite” e que noite se anunciava, pelas condições meteriológicas do momento...

Enquanto eu e Patrick fomos à cidade, o Gustão e Machado ficaram no bar do Hotel Gold Fish, “quebrando o bico” de umas cervejas. Ficaram bem alegres, isto antes de iniciarmos a viagem. Deu trabalho retirar os dois do “boteco” e embarcá-los para a grande viagem. Machadinho, ainda com o copo e a latinha na mão, Gustão até esqueceu a camisa para trás... Eta! Que companheirada boa! Para eles não tem tempo feio. Gustão gritou: -Não vem não, pica-pau, aqui é aroeira. É, depois da cirurgia o homem está uma aroeira mesmo, graças a Deus.

Nesta foto estou na parte superior do Shekinah, estamos saindo para a grande aventura. Um grande CB (Cumulo Nimbos) estava se formando ao norte de Corumbá. Pelo aspecto da água do Rio Paraguai, pode-se perceber as rajadas de ventos de mais de 20 nós, que naquele momento varriam a região.
Os possantes motores do barco, dois MWM de 190HP, turbinados, levaram com muita tranqüilidade a embarcação pelo rio, embora as ondas às vezes varressem o tombadilho, mas nada que comprometesse a segurança ou a navegabilidade da embarcação.
Saímos, como já disse, às 17:30h do atracadouro. Pretendíamos navegar a noite toda, pois tínhamos 38 horas de viagem pela frente e uma distância de 380km, o que, para um barco de 13 toneladas não é pouco, e sim, muito!
Antes que a noite caísse, convoquei o cozinheiro Roberto para fazer a janta. Estávamos com fome, pois não havíamos parado para almoçar. Importante esclarecer que, durante as viagens noturnas, no barco não deve haver nenhuma luz acesa, a não ser as luzes de navegação, pois se a cabine estiver iluminada à visão do piloto fica prejudicada. Assim, queríamos jantar antes da escuridão e depois subirmos na cobertura do barco para apreciarmos o Pantanal.
Obs: as luzes de navegação básicas são 3: Luz de popa – Branca; luz a estibordo – verde; luz a bombordo – vermelha.
O cozinheiro perguntou-me o que nós queríamos comer. Logo, o Gustão deu uma de machão:
- Eu já previa isto, e trouxe um belo frango pronto, oferecido pela Alice e confeccionado pela Ana, incluindo uma sobremesa de doce de abóbora. Assim, o cozinheiro somente esquentou o frango e refogou um arroz para
acompanhar.
Comemos rapidamente e subimos para vermos o tempo, e que tempo! Como veremos no mapa, na saída de Corumbá o Rio Paraguai faz numerosas curvas, por isso ora enfrentávamos o vento de proa, que segurava muito a embarcação, ora enfrentávamos o vento de través, que também dificultava um pouco a navegação.
Às 20:00h começou a chover. Recolhemo-nos e quem havia tomado uns uísques e cervejas, foi para a cama.
Eu, como gosto da navegação, queria instalar o GPS, o que não foi possível naquele dia porque o Chico não havia arranjado a tomada. Assim, como veremos, o início da viagem ficou sem marcações geográficas. Fiquei ao lado do comandante Chico.A escuridão caiu pesada, como um manto negro, sobre a embarcação. Pelo radio soubemos que dois barcos se aproximavam ”águas abaixo”. Avisamos que o Shekinah estava “águas acima”.
Depois de 20 minutos cruzamos com o primeiro: luz vermelha cruzando com luz vermelha, bombordo&bombordo. É fantástico ver ao longe, na noite chuvosa, naquela imensidão de águas, dois pontos luminosos solitários, um verde e outro vermelho: é embarcação vindo. Enquanto toneladas se deslocam, a chuva abafa o som dos potentes motores da embarcação permitindo perceber somente suas luzes se aproximando: são como olhos de monstros, riscando a escuridão da noite. Aos poucos, apenas a luz vermelha fica visível; é bombordo voltado para bombordo.
Como estávamos em rotas diferentes não há perigo de abalroamento. Há momentos que o comandante Chico fica em dúvida e aciona os quatro potentes faróis. Na tentativa de visualizar melhor as margens do grande rio, liga também o facho com controle remoto. Felizmente as condições da noite melhoraram após a passagem do CB e, às 21:00hs, uma tímida lua crescente aparece entre as nuvens.
O Chico se acalma e aumenta um pouco a rotação dos motores. A mata ciliar dá o balizamento da rota. O Chico, como todos os comandantes, conhece o rio de cor, sabe o nome de todas as curvas, a localização de todos os baixios, além do eficiente balizamento das margens do rio feito pela marinha.
Nestas horas não tem papo com o Chico, o máximo que ele faz é dar um ligeiro sorriso, quando tudo está bem. Caso contrário, ele nem pisca. Depois do Estirão da Faia, nós, com mais de 5 horas de viagem, estávamos a duas curvas do Porto Saracura, quando o céu escureceu de vez. Não se via mais nada.
Por medida de segurança resolvemos aportar. O Chico acendeu os faróis do Shekinah e partiu em busca de uma árvore em um barranco, sua velha conhecida.
Na escuridão da noite os faróis apenas iluminavam uma cortina brilhante dos bilhões de gotas dágua que, a cântaros, caíam das nuvens. O Chico manteve o curso, pois sabia que a árvore estaria lá. Depois de alguns minutos, vimos à árvore, uma grande piuva. Mas, antes eu havia me assustado um pouco, pois vira o brilho de duas luzinhas, que mais pareciam brasas, no rumo de nossa rota. “Guentei em copas”, felizmente, pois quando chegamos mais perto, era o brilho dos olhos de um grande jacaré, que com a barriga estufada de tanto comer curimbatás, descansava estático no barranco da piuva. Ele parecia estático, como um tronco na margem do rio,
brilhando pela chuva que caía, mas quando o barco roçou os iguapés, ele, como se tivesse recebido um choque, arrancou com uma rapidez indescritível e mergulhou no rio, com um estrondo de revolta por termos perturbado seu sucesso e seu sono.
Logo, o Padilha e o Roberto, um a estibordo, outro a bombordo, puxaram as amarras e imobilizaram o Shekinah.
A esta altura, só nos restava dormir. Era 01:00h, havíamos navegado apenas 5:30h e andado pouco mais de 48km. Estávamos num lugar chamado Zé Boca e foi ali que aconteceu nosso pouso forçado.

O Pantanal de Mato Grosso:
Fui para a cama, mas com tanta adrenalina no sangue, estava muito difícil conciliar o bendito sono, assim comecei a pensar o que era o Pantanal e onde estávamos naquele momento.
O Pantanal corresponde a uma extensa superfície de acumulação, de topografia plana, tendo suas cotas altimétricas oscilando entre 80 a 200m. Constitui-se de uma ampla depressão em forma poligonal, com seu maior eixo no sentido norte sul, para o interior da qual direciona uma complexa rede hidrográfica, sujeita a inundações periódicas, sendo o Rio Paraguai o principal eixo da drenagem fluvial de toda a região.
Naquele momento, estávamos sob uma chuva torrencial, na região do porto Saracura, ancorados às margens do Rio Paraguai.
Embora o Pantanal seja conhecido pelo alagamento de extensas porções territoriais, este fato não decorre de grande precipitação pluviométrica na região, mas sim pela grande quantidade de rios que drenam para o interior do mesmo. Aliado a isso está o baixo gradiente do declive topográfico do pantanal, que em torno de 0,3 a 0,5m/km. Ou seja, o Rio Paraguai, por exemplo, no percurso de 1km pode ter um desnível de apenas 3 centímetros. Isto é um fato importantíssimo para que a depressão do Pantanal possa receber, no período das cheias, grande quantidade de sedimentos (siltes), vindos do planalto que o circunda.
O Pantanal de Mato Grosso não é homogêneo, ele é formado por vários tipos de terrenos, de vegetação e constituições morfológicas. No momento, por exemplo, estávamos subindo uma região chamada de Pantanal do Paiaguás, origem dos índios que habitam esta maravilhosa região.
Para nós, caboclos pantaneiros, existem 3 tipos de Pantanais: Pantanal alto (nunca sofre inundações); Pantanal Baixo (todo o ano sofre inundações, formando baias, corixos e fertilizando o solo); e Pantanal das Cordilheiras ou Morrarias. Em quando meditava em tudo isto, o sono veio e somente acordei...

Sábado, dia 27-09-2003.
Acordei às cinco horas da manhã, e subi na cobertura para ver o dia nascer. Tentei escrever minhas emoções e os quadros que se sucederam. Mas, apaguei tudo, depois que li um artigo na Folha de São Paulo sobre esses momentos, e tomo a liberdade de transcrevê-lo, pois o autor desse artigo soube de forma muito feliz transcrever o que ocorre na beira de um rio, entre matas galerias, durante o raiar do dia:

Raiou, resplandeceu, iluminou.
DRAUZIO VARELLA.

Quando acordei, estava escuro, a silhueta a floresta amazônica se perdia de vista às margens do rio. Vindo de pontos esparsos, o pio dos primeiros pássaros quebrava mo silêncio da madrugada.
Fui buscar o computador. Sentei-me na proa do barco-escola ancorado junto à boca do rio Cuieiras, afluente do Negro, decidido escrever uma descrição como as do tempo da escola primária no Liceu Acadêmico São Paulo, no Brás, com a pretensão talvez descabida de tentar descrever o indescritível e compartilhar com os leitores a beleza suprema de uma aurora nesse canto do Brasil, intocado como antes da chegada dos portugueses.
A melodia harmoniosa do canto de uma ave solitária coincide com o aparecimento gradual de um brilho fosco, cinza-prateado, mal perceptível acima do contorno das árvores, logo a minha direita. Lentamente, a partir desta área, um facho prateado se espalha em formato de concha, ganha intensidade luminosa, realça a linha sinuosa que une as copas das árvores situadas à minha gente e se projeta contra a mata da margem oposta. Nela, tornam-se discerníveis a massa de folhagem, os troncos mais altos e uma nesga de praia esbranquiçada. Impávido, o rio permanece negro, alheio à timidez dos primeiros passos que a aurora ensaia no leste.
Habituado ao cinzento dos prédios e às fendas de céu que se esgueiram entre eles, meu olhar se perde reflexivo numa volta de 360 graus por aquela imensidão desabitada. Quando retorna a ponto de partida, encontra o prateado mais reluzente e os primeiros tons alaranjados a colorir a textura delicada das nuvens mais próximas, que se desgarram da luz central. Em resposta imediata a essa mudança de tonalidade, o verde da margem oposta se torna mais definido, e os troncos das árvores altas emergem soberbos, alaranjados, do interior da mata.
Uma cortina de névoa translúcida se desprende da superfície das águas, penetra as margens da floresta e borra com magia os limites do horizonte. A luminosidade antes homogênea do nascente adquire um núcleo central amarelo mais intenso, já capaz de se intrometer entre os galhos das árvores em seu caminho, iluminar com total nitidez a margem oposta e se refletir com suavidade nas cristas das ondulações miúdas do rio, movidas por um sopro suave de vento, que bate de encontro à pele; sensação de prazer inacessível na cidade.
O azul-escuro do céu clareia a cada minuto, ao mesmo tempo em que as nuvens alaranjadas se irradia em círculos que desbotam à medida que se afastam pelo espaço, até se desfazerem em fiapos de algodão esgarçados no ato de tentar cobrir uma área azul maior do que seria possível.
A bruma espessa que repousa sobre a superfície do rio até onde a vista alcança começa a se esvair à distância, com sutiliza, para se aglomerar concentrada em bolsões que pousam ao acaso no seio da floresta. O rio se alarga, afunila e lá longe perde a nitidez no meio dela. No centro geométrico da claridade nascente, o dourado ganha força, machuca a vista, define melhor o contorno das árvores à sua frente e dissemina infinitas tonalidades de verde nas folhas das árvores da margem contrária.
As águas baixas, nesta época do ano, deixam expostos recortes de praias de areão batido, nas quais jazem troncos contorcidos em formas bizarras, como esculturas de um museu de arte que submergirá com seu acervo quando vierem as chuvas.
No rio, a amplitude das ondas diminui, e as águas se aquietam para formar um imenso espelho que reflete os céus e a floresta projetada contra ele, em imagens virtuais indistinguíveis dos objetos que lhes deram origem. Em questão de segundos, desponta o sol como uma bola de fogo, agride impiedosamente o olhar desavisado e sobe com pressa, resplandecente, para impor seu domínio absoluto.
Um reflexo de ouro ondulante forma um longo cone invertido na superfície âmbar do rio. No céu, o azul-anil toma conta do espaço, e as nuvens de algodão alaranjado atingem a região do poente tão espalhadas e tênues que é preciso firmar os olhos para reconhecer-lhes as cores. A um palmo acima do dossel da floresta, a bola incandescente cega quem ousar admirá-la; o movimento do feixe de ouro cintilante refletido no rio, também. O vento ameno acaricia a pele aquecida pela incidência dos raios solares.
Folha de S. Paulo 15/11/2003.
Despertei de toda a nostalgia da aurora, com o barulho dos motores que foram ligados. O tempo estava muito bom para navegar. Assim continuamos nossa longa viagem. Saímos às 6:00h do Saracura com destino ao Rio Piquiri, tendo pelo menos mais 30 hs de viagem pela frente.
Saracura, Waypoints latitude Sul 18º 72`8321`` e longitude W 57º55`7373``
Depois de um estirão e 3 grandes voltas do rio chegamos no Porto Califórnia, ou melhor dizendo, fazenda. Há uns 25 anos, na boca do corixo que existia à montante desta fazenda, eu e o primo José Cássio, tivemos sorte de encontrarmos um cardume de dourados. Foi uma maravilhosa manhã de pescaria! Pegamos muitos grandes douradões... Jamais poderia imaginar que, no ano de 2003, o corixo não existiria mais, a barranca foi assoreada pelas terras vindas das erosões dos planaltos e os amarelões já não conseguiriam se reunir para andar em cardumes...
Fazenda Califórnia, Waypoints latitude Sul 18º 62`0045`` e longitude W 57º51`6888``

MORRO E REGIÃO DO CASTELO

Pelas fotografias pode-se ver como estava o tempo no Castelo: o céu coberto por altos estratos prometendo mais chuvas. Após 30 minutos da Fazenda Califórnia chegamos no Morro do Castelo. É uma das regiões mais lindas do Pantanal. Entrando à jusante da morraria, penetra-se em uma baía muito grande, onde existia um hotel que, por falta de peixe na região e hóspedes, atualmente está fechado. Segundo os moradores da região, neste localhavia a tribo dos índios Paiaguás. Este povo indígena lutou durante a guerra do Paraguai, juntamente com os Guaikurus, ao lado dos brasileiros. Posteriormente, devido às “atividades” do homem branco, esta tribo foi completamente extinta.
Segundo o Chico, existem pela região do Castelo vestígios destas tribos indígenas.
No pé do morro existe um poço cuja água não sai, fica rodando. Os pescadores, naquele tempo, ficavam rodando no poção, com uma grossa linha de mão, pegando grandes jaús.
Havia um pescador que, por não nadar muito bem, tinha muito respeito pela água. Pescava com cautela, segundo o TIU.
Um belo dia ferrou um grande jaú e, rodando no poço, foi trazendo o bichão para dentro da piroga. Como não conseguisse, ele tentou matar o peixe com o remo, quebrando-o com toda a força na “cabeçona” do “bitelo”. Com o remo quebrado, e ele não tinha como impulsionar a canoa. Assim, mesmo com o grande peixe embarcado, ele não tinha como sair do roda moinho do poção. Dois dias depois, foi encontrado, pelo filho, já morto dentro da piroga, rodando e rodando no poço. Eles (pescador e peixe) já estavam fedendo, viu doutor!”“
.

Este é o poção do Morro do Castelo, cuja água não sai, fica rodando e rodando. Tornou-se para todos um lugar mal assombrado. Nunca pesquei nem vi neguem pescar neste lugar. “Yo no creo en brujarias, pero que hay, hay!”.

Morro do Castelo, Waypoints latitude Sul 18º 58`6571``e longitude W57º 51`6888``

Logo em seguida ao Morro do Castelo vem o Campo Dame, hoje um lugar de muitas construções, mas a tripulação não tinha certeza se era uma fazenda particular ou alguma pousada. Parece que ali existe até um aeródromo. Eu ainda estava com o meu moderno pijama, que segundo o Machadinho, foi da minha viajem de núpcias.
Pode-se notar que o Gustão está bem conservado. Diz ele que está fazendo academia... Quem vai poder com o homem agora? É... ele ganha de mim em tudo, na verdade, sempre ganhou: beleza, altura, dinheiro... Mas perde na pescaria! Tenho lhe ensinado a pescar tucunarés. É um bom aluno, mas nunca superou o mestre!

Campo Dame, Waypoints latitude Sul 18º 57`4968`` e longitude W57º 48`3312``

Depois de Campo Dame o rio Paraguai faz uma grande curva, quase voltando para trás: é a chamada Volta do Tucano, que após um grande estirão chega no lugar chamado Laranjeira. Depois da grande curva da Laranjeira, ruma-se diretamente para a boca da Baía Vermelha. Tenho maravilhosas fotografias da Baía Vermelha, não sei se haverá espaço nesta aventura para incluí-las.

Bem, aí está a nossa tripulação: Roberto (mestre cuca, orientado pelo Patrick); Chico (Comandante do Shekinah); Padilha (Pirangueiro de grande capacidade). Na segunda fotografia está o Comandante Chico com seu auxiliar Sérgio Lima.
A propósito, deste 1973, quando iniciei meu curso de piloto privado e depois o curso de mestre da marinha, sou um apaixonado pela navegação, não importando a condução que esteja usando. A navegação planejada é sempre importante, em terra, no ar ou na água. Antigamente, para navegar, usávamos os rádios faróis e a bússola. Era uma arte e uma ciência, principalmente nas rotas para lugares sem o rádio farol, como norte do
Brasil, Mato Grosso e Goiás.
Hoje, com o equipamento GPS (Geo Position Sistem), que é orientado pelos satélites da Garmin (USA), a navegação, tornou-se uma ciência, com precisão de erro de apenas 15 a 25 metros.
Laranjeira, Waypoints latitude Sul 18º 55`2706`` e longitude W57º 44`1797`` Em toda esta região, existem, como veremos nas fotografias do satélite da EMBRAPA, inúmeras baías, corixos e meandros intermináveis, que se interligam. É água perto de água, enfim um mundo de água! Não podemos calcular qual será o valor de toda essa massa de água para o futuro. Por exemplo, as grandes baías a oeste do Morro do Castelo vão até a Bolívia, onde eles têm um porto (Porto Boliviano), incluindo a presença da marinha Boliviana.
Baia Vermelha, Waypoints latitude Sul 18º 48`7757`` e longitude W57º 44`6566``.
Na realidade, marcamos o ponto de entrada da Baía, pois, a região é muito grande.
Ao fundo da baia começam as morrarias, que se prolongam até a Serra do Amolar.
Pela fotografia do satélite pode-se ver que essas baías, as da região do Castelo e Vermelha se interligam, formando um complexo de redes hidrográficas que se prolongam até a Serra do Amolar. Depois da Serra, as baías tornam-se mais complexas ainda, incluindo também a Baía da Gaiva, a Baía Uberaba, que são as maiores do Pantanal. Somente com um GPS, ou com auxílio de profundos conhecedores da região, é possível navegar por essas baías e corixos.

Estas fotografias representam uma pequena e modesta amostra da Baía Vermelha. Bem ao longe, no horizonte, com boa vontade, dá para ver uma cadeia de morraria, que, caminhando para o norte, forma a Serra do Amolar, por onde passaremos, dentro de 5h de viagem. Além da morraria do horizonte, na fotografia da esquerda, está nossa divisa com a Bolívia.

Essa fotografia é do ano de 2002, mostrando o Shekinah ancorado na entrada da Baía Vermelha. Ao fundo, vê-se um grande barco de pescadores (hotel flutuante) passando no Rio Paraguai. Ao lado, um dos ilustres habitantes da região, o cardeal. Depois da entrada da Baía Vermelha, o Rio Paraguai descreve um longo caminho até uma fazenda chamado Sucuri, em cujo trajeto o barco deve ter gasto mais de 1:30h. Quando pescávamos com o Barco Cabexi, a Fazenda Sucuri era o lugar mais distante que ele alcançava, pois logo acima dela inicia-se o maior corixo de todo o Pantanal, o Paraguai-Mirim. Esta é uma região oferece inúmeros e ótimos pontos de pesca.

Tenho falado tanto do GPS que acho oportuno mostrar uma fotografia do equipamento. Na tela ele esta mostrando, esquematicamente, o Rio Paraguai. O 15,5 mostrado revela a quanto estamos andando, isto é, à vertiginosa velocidade de 15,5Km/h. Mostra também que estamos a 44,3 km do destino e devemos gastar, mais ou menos, 3h23m para a chegada. O pontinho preto no meio do rio simboliza o Shekinah. O destino assinalado, no caso, era o Porto dos Novos Dourados, que em linha reta estaria àquela distância, mas como iremos dar voltas e voltas, devemos demorar bem mais. A setinha preta mostra a direção onde está o destino pedido (no Go To do equipamento). Fazenda Sucuri, Waypoints latitude Sul 18º 39`4606e longitude W57º 38`9665``. É, como já disse, lugar de recordações:
A Fazenda ao pé da morraria e tem um corixo que passa atrás dela. Neste corixo pesquei muito com o José Cássio, indo de Cabexi. Na frente da fazenda existe um curral bem simples que, durante as inundações, fica submerso em mais de dois metros de água. Lembro-me bem do Cássio, ancorado com a canoa no curral alagado, pegando piavuçu. Todo emocionado, pulava de alegria na canoa, ao pegar os piavuçus com sua varinha de bambu, dizendo que “aquilo sim, é que era pescaria:”É ali. ó! É na técnica!”. E quem tirava o Dr. Cássio dali?”.
Ainda posso “ver”, um pouco mais à frente da Fazenda, minha filha Carolina com uma amiga Estela, de Orlândia, pescando dourados... São momentos que não se apagam de minha mente, valorizando o pedaço da Fazenda e aquecendo o coração...
Entrada do Paraguai-Mirim, Waypoints latitude Sul 18º 38`5577e longitude W57º 37`005``.
Incrível! A entrada do Paraguai-Mirim está a 1 minuto de grau da Fazenda Sucuri, de qualquer ponto que dela se parta! Só para esclarecer, 1 minuto de grau corresponde a uma milha náutica, ou seja, 1820m.
Quanto ao Paraguai-mirim... Bem, essa é uma outra história; melhor continuar a viajem senão nunca chegaremos ao destino.
Passamos por todos esses pontos exatamente às 12:00hs, o que significa estávamos navegando há, aproximadamente, 7 horas e percorrido 137km.
Tínhamos ainda muito rio pela frente, até chegar ao próximo porto. Com um tímido sol despontando por entre as nuvens e a temperatura continua nossa viagem.


REGIÃO DO BONFIM.

Ao longe já avistávamos a serraria do Bonfim, que mais parece um mar de morros brotando da água. A fotografia do satélite é da região considerada; o traçado azul é o Rio Paraguai.
Mato grande é um corixo maravilhoso, com matas ciliares exuberantes, e muito bom para pesca.
O corixo do Mata Cachorro é muito bonito e imenso. Suas águas vêm, praticamente, drenadas de centenas de quilômetros da região do Rio São Lourenço, por onde logo iremos passar.

Aí estamos, na região chamada Coqueiro, com o porto à direita.
Porto Coqueiro, Waypoints latitude Sul 18º 31`0132`e longitude W57º 7295``.
Pelo deslocamento da latitude do Mirim para o Coqueiro, pode-se notar que foi uma grande distância, mais de 15km, entre o porto anterior e este, isto em linha reta.

Nestas fotografias estamos chegando na região do Chané. O ambiente estava mudando paulatinamente. A correnteza estava mais forte. No céu apareceram bandos de gaivotas, chamadas Taiamãs.
Porto Chané, Waypoints latitude Sul 18º 14`7998`` e longitude W57º 37`9414``.
Nesta hora, todos já estavam com a fome vencida e muito viajada. O Patrick e o cozinheiro haviam preparado um almoço muito especial: Medalhão de filé mignon, que comemos com muito gosto. Comendo, bebericando e jogando conversa fora, tudo dentro da moldura extraordinária que é o Pantanal, não precisa nada melhor; é
só deixar a máquina andar. Depois do fausto almoço todos foram dormir, menos eu, que era auxiliar e co-piloto
do Chico.

A primeira fotografia é dos Novos Dourados e a segunda é da Serra do Amolar.
Novos Dourados, Waypoints latitude Sul 18º08`8587e longitude W57º 47`4160``. Amolar, Waypoints latitude Sul 18º 04`0570e longitude W57º 48`7893``. Ao final da tarde, depois de um longo sono, fomos para a cobertura arranjar a tralha e vermos a paisagem, que nesta região é maravilhosa.

Estamos discutindo sobre a pescaria. A tarde estava diferente, ao longo do percurso havia momentos que o tempo ficava nebuloso, momentos seguintes, como o anterior, o sol aparecia entre as nuvens, criando inesquecíveis paisagens. Na segunda fotografia estamos chegando na boca do Amolar. O Rio Paraguai se estreita, espremido entre as pedras. É um lugar muito diferente na grande região do Pantanal.

Eu e Machadinho na passagem pela serraria do Amolar. Eram 17:00h, estávamos viajando deste às 6:00h, portanto com 11horas de viagem. Ainda tínhamos 2 horas de viagem para sairmos do Mato Grosso do Sul e entramos no Rio São Lourenço, que é a divisa entre os dois estados.

Estamos apreciando a passagem pelo porto chamado Amolar.
Existem numerosas histórias sobre este lugar. Algumas dizem respeito à sua fundação pelos negros escravos, que fugiram das minas de ouro, mas acabaram sendo mortos pelos índios Guatós, que habitavam toda a região. Segundo a lenda, as almas dos velhos negros zumbis ainda moram por ali e em certos momentos, em noites de temporais e relâmpagos, eles podem ser vistos sobre as pedras do Amolar, nus, com seus olhos verdes e seus dentes brancos brilhando, mostrando um sorriso mortal de escárnio...Mas isso já é uma outra história!

Estamos no momento desta foto, a poucos quilômetros da divisa de Mato Grosso e da barra do Rio São Lourenço.
Ao fundo vemos o Morro do Pajé. Para muitos representa um índio com as mãos unidas, cabelo longo, meditando e guardando as tribos dos Guatós, que viviam espalhadas por toda a região.
O livro “A Herdeira”, faz uma profunda referência a esses índios que ainda vivem na morraria, além da Serra do
Amolar.

Esta é uma outra vista do Amolar. Já passamos, neste porto, tendo o velho comandante Catarim ao timão do Cabexi1, era meia noite, noite de lua cheia, um cenário de raríssima beleza.
Somente a fumaça negra do grande chaminé do velho motor a óleo cru do barco manchava o clarão da lua.
Ficamos no tombadilho em silêncio, esperando ver os negrinhos do Amolar: não os vimos, mas guardamos para sempre a emoção daqueles momentos inesquecíveis.


Em outra ocasião, o Machadinho e um amigo viram, nesta morraria do Amolar, um OVNI (disco voador).
Não sei porque, mas esta região é muito mítica.
Ao pé do Morro do Amolar tem uma baía coberta de vitórias-régias, típicas da Amazônia.Quando vimos isso pela primeira vez, há vinte anos, foi muito emocionante. Era a Amazônia no Pantanal?
Depois que passamos o Amolar o Chico chegou para mim e disse:
-- Vamos ter que ancorar antes do São Lourenço, pois temos que comprar iscas (caranguejos) amanhã, e também não gostaria de navegar à noite no rio São Lourenço, pois descem muitos paus. Eu e o Du, já estragamos o motor de bombordo em um acidente com uma tora. O que o senhor acha?
-- Bem, Chicão, quando envolve segurança, eu não discuto. Pode ancorar o barco.
Ele deu um de seus raros sorrisos, e partiu em busca de um belíssimo lugar para jantarmos e passar a noite.Dormimos a 2 km da divisa do Mato Grosso do Sul com o Mato Grosso, ou seja, o Rio São Lourenço. Em alguns Atlas, ele é chamado de rio Cuiabá, para mim, é São Lourenço mesmo. Rio Cuiabá é até o Porto Jofre, como veremos no outro capítulo da viagem.

Este foi o último trecho de nossa viagem no sábado, até o Pouso do Shekinah onde pernoitamos. Esta fotografia do satélite mostra um trecho de aproximadamente 80Km do Rio Paraguai. É um dos lugares mais lindos do Pantanal do Mato Grosso do Sul. Nos últimos 25 anos, pescamos em muitos desses lugares por inúmeras vezes.
Porto São Pedro, ou São Francisco, não tenho certeza. Ele é muito importante para todos os ribeirinhos que moram ao longo da Baía de São Francisco. Eu, Chico e Turco já pegamos muitos tucunarés e caranhas nos meandros desta baía.

Aí está o Turco, em um dos inúmeros meandros da Baía de São Francisco, pegando um filhote de tucunaré, foi solto em seguida. A foto é para mostrar que, ao longe naquelas árvores, passa o majestoso Rio Paraguai, como mostra a fotografia do satélite.
A segunda foto mostra uma família de uma fazenda da região, com uma grande embarcação, que tinham ido ao porto buscar sal para o gado e demais mantimentos necessários à sobrevivência na fazenda, que fica nos distantes meandros da grande Baía de São Francisco. Segundo o Chico, eles podem demorar até três dias nesta viagem ao “varejão”.
Rio do João, na realidade, é um corixo muito bonito, como não poderia deixar de ser. Já pesquei algumas vezes nele, é um dos paradeiros das grandes caranhas.
Bem, gostaria de comentar cada um desses portos e pontos de pesca, mas vamos deixar para outras ocasiões, que espero que não faltem, pois pretendemos continuar voltando sempre a estas plagas maravilhosas desse lindo Pantanal.

A tarde caía maravilhosa, em uma curva do grande rio, o sol se pondo atrás da piuva parecia nos convidar para um ancoradouro de sonho. À medida que o Shekinah foi se aproximando, os quadros de cores, luzes e sombras se alternavam, era um caleidoscópio vivo da natureza pantaneira. Para quem sabe ver, a natureza é, indiscutivelmente, a criadora de todas as artes. Ancoramos tranqüilos. O jantar, como sempre, foi extraordinário e a prosa boa até dar hora de irmos para cama.
Nesses lugares a presença Dele está em todos os recantos.
Aqui termino a primeira fase de nossa pescaria, por sinal: A melhor de todos os tempos.

Apêndice.
Para os amantes de navegação.
A seguir mostrarei o traçado da Viagem feito pelo GPS. Os lugares que o equipamento mostra são corretos, em sua latitude e longitude, contudo o caminho em si, ou seja, por onde exatamente o Shekinah passou, que chamamos de “Track” são milhares de pontos que o aparelho grava. Assim, quando pedimos um caminho longo como esse o GPS nos dá um resumo dos pontos marcados, pois sua memória é para apenas 2.000 pontos e 500 Wayponts.
Desta maneira, devemos olhar as fotografias da EMBRAPA e imaginar quantas voltas dá o Rio Paraguai.

Mapa 1, do pouso da primeira noite até à Região do Chané.

Mapa número 2 do Chané à Barra do São Lourenço.

No segundo capítulo, partiremos da Barra do São Lourenço até o Rio Piquiri.

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