Fomos: eu e Elias Issa o Turco.
Saímos com a Ranger 4x4 diesel do Elias.
Saímos as 8:25 de Rib. Preto, com Issa no comando,
correu bastante, o homem é bom de volante, fez uma
média muito alta, um recorde, 472Km em 4 horas, de
Ribeirão Preto a 3 Lagoas, com uma média aproximada
de 117km/hora.
Contudo deve ficar bem claro que, não houve nenhuma
imprudência, nenhuma ultrapassagem perigosa ou risco
nos 2.500Km de viagem, em que revezamos a direção.
A Ranger foi uma surpresa para mim, macia, estável,
econômica e anda muito bem!
Este foi o momento de nossa saída para o Pantanal.
O Elias pontual como sempre, pode dar uma aula para seu amigo
Marcelo. Estava frio, havia chovido, aqui e no Pantanal. Era
incerto nosso futuro, mas a viagem marcada ...é pé
na estrada.
Esta foi nossa primeira parada, em 3 Lagoas, 480 Km depois,
com 4 horas de pé embaixo.
Alimentação: Turco comeu um paulista deitado
o garçom falou que era um paulista cansado, não
tem importância pois o sanduba é o mesmo, e eu
um queijo quente, no caminho, havíamos já “traçado”
dois sanduíches naturais com cocas e direito a sobremesa
de chocolate; belê!
Fizemos de 3 Lagoas a Campo Grande em menos de 3 horas, a
estrada estava livre e a caminhonete do Elias anda muito,
está acostumada a correr, eu nem encostava o pé
no acelerador e lá ia o marcador para 130, 140Km/H,
não era fácil segurar a máquina. Estávamos
com tanta vontade de pescar que ficamos com pé de chumbo.
Passamos por C. Grande de “rabo erguido” para irmos comer
uma ponta de granito em uma famosa churrascaria em Aquidauana.
Prosa boa por todo caminho e a boca em saliva para o grande
churrasco que estava a, quanto mesmo?
Mais ou menos 130Km, ali mesmo, pertinho, logo estaremos lá.
Quanto mais se anda, mais curto fica o caminho e somente se
conhece a estrada passando por ela. Assim somente viveu, que
percorreu todo o caminho, não existe atalho para nossa
existência, um caminho não percorrido é
um ponto escuro em nossa mente e “por mais longa que seja
a caminhada sempre tem o primeiro passo".
É fé em Deus e Pé na Tábua, já
dizia o grande mestre dos corruptos Adhemar deBarros Filho,
que posteriormente foi superado por mais de milhares de seguidores.
Em Campo Grande uma cena raríssima um Turco com a
carteira na mão, comprando isca no trevo. Depois constatamos
que o Elias é uma exceção, a carteira
fica no porta luvas do carro e está sempre pronta para
entrar em ação, não tem escorpião
no bolso como muitos amigos que tenho. Isso é muito
bom.
Nesta loja, Campo Grande, paramos para comprar minhocuçu,
por sinal somente tinha a goiana que é menor, mais
barata. O Elias comprou todo tipo de isca para caranha, pude
ver então que nem todos libaneses são iguais,
muito bom.
Chegamos em Aquidauana & Anastácio na boca da noite.
A Serra do Maracaju estava linda como sempre, o sol se pondo
atrás da morraria, lembrou-me de viagens passadas,
do tempo do Corisco, que contornávamos o morro do “Panetone”
para abastecimento do avião em Aquidauana. O tempo
muda tudo, somente não deve
mudar nunca nossa alegria e a ilusão de viver. É
tocar prá-frente, 61 anos são tempos passados,
ele deve nos servir de alicerce para a vida mas nunca de edifício
para nossa moradia.
Paramos na churrascaria do Gauchão, saliva na boca,
picanha, ponta de granito, custelinha de porco na brasa e
muito mais, nossa fome estava antiga e muito viajada, para
mais de 958 Km. Tristeza, estava fechada, assim como todas
as churrascarias da cidade, é a crise, é a ausência
de turistas, é a comida por quilo, é a falta
de dinheiro, é a fome ...é a fome, e ai, Turco,
vamos no outro “sanduba” natural?
Não pelo amor de Deus doutor, tenho que tomar minha
ampolinha de cerveja conforme o combinado. Segue em frente
tem um restaurante por ali.
Sim, achamos um, por peso, cardápio: Mandioca cozida,
arroz de passarinho e frio, o feijão indefinido...
pedimos ovos fritos ...a salvação dos viajantes.
O verdadeiro mata a fome, por $3,0 reais.
Bem alimentados, tocamos para Corumbá, mais de 400Km
pela frente, ali mesmo, é fé em Deus e pé
na estrada. O Turco, tomando sua cervejinha queria paz e amor,
a noite estava escura mais o céu muito limpo, não
tínhamos que cruzar o Rio Paraguai de balsa isto anima
bastante.
Chegamos muito bem em Corumbá, nas duas
primeiras fotografias estamos comendo uma pizza muito boa,
matando a fome de 1228Km, que foram percorridos em 12:35Hs,
fazendo uma média horária de 104km/H, e tendo
queimado 140 litros de diesel, beleza, a viagem.
Passamos pela primeira vez na ponte que havia sido inaugurada
dias antes pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, uma
belíssima obra de engenharia, erguida sobre o majestoso
rio Paraguai. Na última fotografia já estamos
no Hotel Gold Fish onde pernoitamos para embarcamos no outro
dia pela manhã. Beleza!
A TEMPO, A SITUAÇÃO DO BRASIL É TÃO
CRÍTICA QUE AINDA NÃO ACHARAM UM NOME DE CONSENSO
PARA A PONTE INAUGURADA – É A PONTE SEM NOME. É
MOLE?
Precisei tirar o Elias da cama, dorme que da gosto: Carmantão,
ampolas de skol, e mais os remédios do médico,
bem eu também sou dos carmantões.
Este é o Hotel na margem do Rio Paraguai
onde fica o Barco, ele está remodelado, muito bom,
bom mesmo é da linha Candeias, tem um tratamento Vip,
e é muito barato para os sócios. O solário,
a piscina, ao fundo o Grande Rio Paraguai e no horizonte o
Pantanalzão a perder de vista. É lindo o Pantanal,
quando mais a gente o conhece mais respeita e gosta. A cada
curva de rio uma surpresa. Em cada por do sol um novo quadro
pintado por Deus e em cada noite de céu estrelado a
assinatura Dele na eternidade, redigida por infinitas estrelas
que brilham no firmamento sem fim. O homem, nesses momento
sente-se tão pequeno, que dá vontade de abaixar
a cabeça, fechar os olhos, por ser indigno de contemplar
tão majestosa criação divina.
No Pantanal, meu pensamento sempre campeou solto pela imensidão
dos banhados, pelos céus de estrelas, pela corrente
dos rios e corixos, pelas algodoeiras em flor, pelo vôo
dos pássaros e o horizonte sem limites. É lindo
o Pantanal.
Chegamos no Shekinah as 8:30 da manhã.
O barco está lindo. Pintado e absolutamente limpo e
cheirando bem. A comandante Chico, a esquerda do Elias a postos
para zarpar e o cozinheiro Divino a direita do Turco.
O cozinheiro conferiu a compra, que por sinal fiz com a Cristina
e no momento está ditando para o Elias os itens que
faltaram.
O Elias e eu achamos o barco um luxo, por dentro pois está
todo pintado e...preparado para a pesca.
Fiz uma vistoria para o lado de fora, motores, barcos de pesca,
etc...
O Turco e o Divino foram comprar verduras, carne e gelo...por
sorte após comprar as carnes eles a esqueceram no açougue...
a única carne que comemos na pescaria toda foi de peixe
e isto é bom demais, pois o cozinheiro era de primeira
categoria e fazia tudo muito bem feito. Nota 10 para a tripulação
Chico e Divino.
Eu e o mestre cuca, grande cozinheiro dos grandes barcos do
Pantanal, por sorte esta semana ele estava livre.
O Pantanal continua lindo, ao fundo umas grandes piúvas
margeando o rio.
Estou pronto para ir a pesca.
Nessa pescaria não deu muito peixe, mas deu para divertir
bem, isto é o que importa.
Tenho 61 anos na melhor das hipóteses poderei ir se
Deus quiser mais uns anos ao
Pantanal e depois? É olhar essas fotos e rever os caminhos,
os amigos mais novos mandarem novas fotos e contarem novidades,
assim é a existência, o início estudamos
os caminhos, os percorremos e depois recordamos para que um
dia nossos amigos encontrem alguns pequenos sinais de nossos
rastos.
Elias, grande pescador, sempre pegou mais peixe
que eu, claro, é jovem, meu aluno tem que ser assim
mesmo. O aluno supera o mestre. Mas, este dourado foi eu quem
pegou. Acho que fotografei os meus peixes somente? E os do
Turco? Bem pescaria é assim mesmo, quanto mais o tempo
passa maior é o peixe que pegamos quando éramos
jovens.
Veja bem o que eu disse, cada por do sol é mais lindo
que outro.
Na primeira foto o Zé, grande pegador
de isca e fazedor de filhos, já perdeu a conta de quantos
tem.
O grande pescador Issa em sua postura própria de captura,
o Chico pegando seus primeiros Tucunarés no Paraguai-Mirim,
sob minha orientação e com isca artificial araçatubinha,
ele ficou louco pelos tucunarés que ali chegaram. O
tucunaré invade o Pantanal, o que restará desta
quebra da ecologia ninguém sabe. O homem, tenho certeza
pagará um alto preço por tudo que tem feito
de agressão à natureza.
Chegamos com o Shekinah no Paraguai-mirim, as
8:15 da noite, havíamos viajado 125,8Km, em 12 horas
na média de 10km/h, durante esse tempo, dormimos, comemos
e proseamos. Não se vê a viajem.
Durante a noite, tivemos momento raros. Não havia vento.
O rio era um espelho a refletir as miríades de estrelas
do firmamento, o barco com todas as luzes apagadas, e a cidade
mais próxima Corumbá a 100Km, mantinha o pantanal
em uma escuridão total. As estrelas refletidas na água
e a abóbada celeste sobre nós, dava a idéia
que éramos viajantes interplanetários a navegar
pelo cosmo. Foi a Segunda vez que tive
esta visão no Pantanal, a primeira vez foi na grande
baia do Mandioré.
Lembrei-me muito de Carls Sigan, o grande astrônomo,
que dizia que se isto ocorresse, teríamos a noção
clara que a Terra é uma minúscula espaçonave
singrando o oceano intergaláxico em direção
ao infinito.
Para colorir e dar mais força ao nosso sentimento,
cruzamos com dois satélites artificiais, muito grandes,
um em rota equatorial e outro em rota polar. Meteoros cruzaram
o céu, a imaginação, mesmo não
querendo, nos levou bem mais próximo ao criador. Deus,
ali estava presente dentro de nossos corações,
pois tão infinitamente pequeno somos, como poderíamos
contemplar tanta grandeza se não existisse a infinita
bondade de nosso criador?
Por que não estávamos rastejando pelo brejo
em busca da comida como as serpentes? Por que não estávamos
atacados por milhões de insetos como os bugios nos
galhos das árvores, ou devorados pelas piranhas no
fundo do rio? Somos diferentes, temos alma, sentimentos o
Criador nos beneficiou. Quando pagaremos a conta pela nossa
agressão ao ambiente? Não saberemos. As luzes
do barco se acenderam, acordei de meu sonho, o cozinheiro
chamou para a janta ...e bem, comecei a repensar em pescarias.
Será que estes dois momentos nos colocam mais próximo
de todos meus sentimentos. Não somos mais pescadores
simplesmente, foi uma evolução, somente pegamos
para comer, e contemplamos a natureza como uma oportunidade,
talvez única, para a nossa geração, de
vermos quadros ainda intocados pela depredação
do homem.
Como descrever este quadro? A luz do poente,
se escondendo atras da vertente ocidental dos Andes, e os
raios do espectro vermelho iluminando os altos cirros no limite
da estratosfera, difundindo sua tênue luz pela troposfera
afora, cobrindo tudo com o suave veludo da noite se aproximando?
Ou diríamos: O céu se iluminou como uma chama,
misturando luzes e sombras. Tudo é colorido tudo é
negro. As árvores ribeirinhas com suas silhuetas delimitam
as margens do rio, como sombras que se movem no crepúsculo.
O Rio Paraguai, reflete as cores do poente, como em um caleidoscópio
nada é estático, as cores se alteram as sombras
se movem, tudo é
movimento mas o panorama nos parece estático, tudo
é luz mas nosso olhar as vezes somente vê as
sombras. Bem, creio não ser capaz de descrevê-lo...
Elias Issa, o grande pescador. Cozinheiro na
espera para fazer o peixe do Turco.
Caiu a noite, lá fora milhões de pernilongos
hematófagos sedentos de sangue espreitam. Pela Segunda
noite o Elias saí para pescar na popa do barco, na
primeira noite pegou 4 armais ou abotoados, mas jurou que
pegaria um pintado para a janta. Na Segunda noite, após
doar 1 litro de sangue com 25% de cerveja aos pernilongos,
cumpriu sua promessa pegou o pintado que comemos à
moda Urucum, estava ótimo, muito obrigado Turco, pelo
grande pescador que você é.
A pesca do Tucunaré. Saímos para
pescar pacú, com caranguejo. Pintado com tuvira. Mas,
para desencargo de consciência levei minha varinha de
Tucunaré, com iscas artificiais e deu no que deu.
Amanheceu um dia maravilhoso, saímos
para a pesca. No Paraguai-mirim, nada.
Fomos até uma grande baia alagada, no Porto São
Francisco, onde a água estava limpa e apenas uma suave
brisa acariciava a planície pantaneira.
Joguei a isca artificial, depois de ter tentado a Caranha,
o Chico viu o movimento e solicitou-me uma, não deu
outra, logo ele pegou um grande tucunaré.
O Turco não estava preparado, mas emprestei minha varinha
a ele logo ele faturou dois grande tucunarés. Ao todo
pegamos 15 tucunarés dos grandes. É uma pescaria
esportiva, muito boa, a melhor que temos praticado ultimamente.
Não sei o que os tucunarés farão na ecologia
do pantanal pois eles são excessivamente predadores,
é ver o que vai dar!
Esta é a grande baia do Porto São
Francisco, tem mais de 100Km/quadrados, como será a
reprodução deste predador por aí tudo?
O grande pescador está aí em ação,
esta é a isca preferida a araçatubinha, teremos
ainda muitos casos para contar.
Os faturadores atacam, o Turco pesca melhor
que eu mas... bem vamos deixar a histórias de pescadores
para ao vivo.
Começa a chuva no Pantanal, acaba a pesca, tivemos
apenas dois dias completos para pescar, depois foi água
que caiu do céu, bendito seja Deus, pois estamos muito
carentes de chuva.
O Turco é fome, com chuva e tudo, queria
por que queria ir pescar. Colocamos roupas de motoqueiros,
e debaixo de um temporal saímos para a pesca, mas a
coisa ficou feia, o temporal piorou muito e tivemos depois
de congelados que voltarmos para o barco, é loucura
minha gente.
Voltamos batidos, molhados e mortos de frio.
Pescador sofre, não é mole não.
O Shekinah, está ancorado rio a baixo
do Castelo. Estamos nos divertindo um pouco, mas após
a chuvarada não estava fácil, apenas peguei
uns mandis, que meu amigo Elias os jantou deliciosamente com
skol, enquanto descíamos o rio Paraguai, me diverti
bastante nesse final de tarde, para pescadores modestos como
eu qualquer paixão me diverte.
Estes momentos, mesmo quando não tem
muito peixe são inesquecíveis.
Últimos momentos da pescaria, Elias o
Grande pescador se despede.
Chegamos em Corumbá para abastecer o Shekinah, tudo
correu muito bem, o tempo estava fechando novamente, é
bom pois o Pantanal está precisando de muita chuva.
Andamos ao todo com o Barco 300Km.
Para subir gastamos 14horas.
Para descer gastamos 9:45 horas.
A velocidade média de subida é de 10,5Km/h
Descida 16,0 Km/h.
A corrente do Rio seria então de 5,5 Km/h em média.
Gastamos 580 litros de diesel para a viagem no barco, mais
60 litros no motor de eletricidade.
Gastamos 100l de gasolina para os motores de popa e ar condicionado.
Todo correu muito bem. Na volta almoçamos com o Augusto
em Araçatuba, ele esteve no Hospital, pulmão
mas já está novo.
Se Deus quiser, voltaremos em Setembro e se o José
Milton podemos considerar até julho.