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Viagem pela Rota do Ouro, 14-11-2002.

Na realidade, planejar uma viagem esta não é fácil, principalmente porque, hoje em dia, é raro encontramos amigos para o empreendimento. Eles têm que ser autênticos, companheiros e os objetivos têm que ser comuns.

A viagem iniciou-se após uma “forçada” na amizade que dei no José Milton, para que ele, profundo conhecedor das Minas Gerais, nos recebesse lá. Imaginamos visitar Diamantina, Biri-Biri, Conceição do Mato Dentro, São Gonçalo do Rio das Pedras, Reserva do Cipó...mas nada se encaixava num bom roteiro.
Finalmente ainda em Ribeirão Preto, chegamos a um acordo: encontrarmo-nos em Tiradentes e fazermos a Trilha do Ouro até a localidade de Macacos.

Componentes da caravana: Sérgio Lima, Marcelo e Cristina, Elias e Dani e Fernandão (meu sobrinho); Dr. José Merlie Dani, que encontraríamos em Guaxupé e José Milton, que, vindo de Belo Horizonte, nos alcançaria em Tiradentes.

Roteiro idealizado e realizado.


Cidades Históricas de Minas Gerais, roteiro até o Parque Natural do Caraça. Seremos guiados pelo grande José Milton, com seu vastíssimo conhecimento das Minas Gerais.

Fizemos o roteiro inverso ao do mapa da fotografia: Primeiramente Tiradentes, São João Del Rei, Lagoa Dourada, Ouro Branco, Ouro Preto, Mariana, Catas Altas, Cocaes, Parque e Mosteiro do Caraça e São Sebastião das Águas Claras (Macacos)

É um roteiro de volta ao passado histórico, de incrível beleza. É de uma visão extraordinária das Alterosas.

Viajar nestas rotas é ter coragem; viajar é saber ver caminhos abertos há tempos passados, com suor e às vezes sangue; é imaginar homens e animais cansados e famintos, subindo Serras intermináveis rumo a um destino desconhecido. Viajar é imaginar a era dos tempos históricos e pré-históricos, descritos claramente no relevo, nas rochas erodidas pelo vento, pela chuva e destroçadas pelo homem.
É contemplar, nas inclinações harmônicas das Serras, as forças telúricas que ali atuaram em um passado remoto. Viajar, enfim, é manter os olhos atentos e a mente aberta para enxergar imagens do presente escritas no passado.

Quando saímos de Ribeirão Preto, maior polo sucroalcooleiro do mundo, buscávamos estas imagens, a beleza em sua mais pura essência, uma harmonia entre a arte e a natureza, uma comunhão entre homem e Deus. Se não fossem as forças divinas, irmanadas de Deus, qual impulso poderia levar homens maltrapilhos, como um artista aleijado, nos longínquos rincões das Alterosas a construírem obras maravilhosas como esta, e centenas, milhares de outras, tão lindas, e que hoje, pilhadas pelos ladrões, ornamentam castelos na Europa, mansões no Brasil e em outros países por esse mundo afora? Mas, um cenário como este, tendo a Serra de São José ao fundo, ninguém poderia pilhar, jamais!

A saída de Ribeirão Preto foi um pouco retardada pelo Dr. Marcelo, que teve dificuldade na adaptação de uma peça protética em uma paciente...aí...é esperar pelo companheiro! Esperamos com calma e com calma saímos, tendo que voltar lá da DABI, pois me esqueci da máquina Mvc...Mais um pouco de atraso!
Bem, não preciso dizer que no ponto de encontro, em Guaxupé, Dr. José já nos esperava...

Após os cumprimentos, “pé na estrada”. No início da Serra de Muzambinho começou uma chuva torrencial, que nos atrasou ainda mais. Isso sem considerar as precárias condições das estradas de Minas que, antes da rodovia Fernão Dias, “ é brincadeira”, no repetitivo dizer do Fernandão.


Alfenas, com seus 66.000 habitantes, dos quais 10% são estudantes, não tinha um posto de gasolina sequer na rodovia para uma parada técnica, nem no trevo e nem por perto.

Já na pequena cidade de Paraguaçu, encontramos um posto modesto, onde comemos um saboroso e oleoso pastel. Chovia e chovia, a estrada era longa, mas quando não se tem pressa não existe distância. É como dizia Adhemar de Barros: “Fé em Deus e pé na tábua”.

Parada do Pastel, levamos seis para o José Milton, mas já o encontramos com muitos antepastos e acepipes; além disso, ele não come pastel viajado. Assim, no dia seguinte, Marcelão&Cia não perdoaram os pastéis andarilhos...

Depois de passamos por Varginha: 108.284 hab., único porto seco do sul de Minas, o que, a bem da verdade, não sei o que significa. A cidade fica a meio caminho entre Belo Horizonte e S.Paulo.
É uma bela cidade, passamos por lá sem nenhum problema. Logo pegamos a pista dupla da Fernão Dias, mas, com chuva e sem sinalização, não dá para andar rápido, é preciso ter cautela.

Passamos por Lavras é uma cidade de 78.000 habitantes, mas sem nenhuma sinalização na estrada, a não ser placas de propaganda como: “ Comida caseira a 1Km”; “ Em Varginha, Lanches E.T.”; em Lavras, Hotel Sossego por 25,00”; porém, uma delas era tão peculiar que não poderia ser esquecida: “ Comida Por Peso, Sem Balança, a 2,50”.

Quando estamos viajando, sem preocupações e com um bom amigo esperando no destino, tudo é motivo de alegria, euforia e risos.

Estávamos nos comunicando por rádio e no início, falamos para os companheiros da retaguarda sobre os buracos, mas, da parte deles, só risadas. Por que? Segundo eles, era só não passar por onde eu estava passando, pois de acordo com suas más línguas, eu não perdoava nenhum buraco da estrada, passava dentro de todos! Mui amigos!
Assim, passamos “de través” em Lavras, rumo a Tiradentes. No trajeto, ainda encontramos alguns pequenos lugarejos, depois, São João Del Rei e, 14Km. À frente, Tiradentes. O Grande José Milton, com sua figura inconfundível e impoluta, nos esperava na porta do restaurante. Nós, com a fome vencida e muito viajada, comemos com muito gosto a saborosa comida oferecida, e em seguida fomos para o hotel.


Pousada Candonga da Serra: Segundo Aurélio, temos para essa palavra: 1. Lisonja, afagos, mimos. 2. Carinho fingido; adulação. 3. Intriga, mexerico. 4. Bras. Bem-querer, benzinho, amor.

Esta é a pousada Candonga da Serra, muito boa por sinal. Fica isolada, situada na estrada que liga Tiradentes a São João Del Rei. Recentemente, acabaram de construir uma piscina de água quente, que, quando aquecida de verdade, deve ficar muito bom para nadar, pois a edificaram em um balneário muito chique!. Aí estão as máquinas: Frontier (2) JoséMilto&Dr. José, L-200 Marcelão e Ranger Elias. É muito bom andar com amigos de bom gosto.

Nossa Primeira visita foi a TIRADENTES.
A cidade tem aproximadamente 5700 habitantes e foi fundada por volta de 1702, quando os paulistas descobriram ouro nas encostas da Serra de São José. Foi importante centro produtor de ouro por quase um século.
A cidade se diferencia das demais pela presença de cavalos e charretes nas ruas, e pela Serra de São José. O centro histórico é pequeno e deve ser percorrido a pé, pois é calçado com pedras irregulares.
Tiradentes é a menor, a mais sossegada e mais bem preservada de todas as cidades históricas do roteiro. Ao chegar, o visitante tem a sensação de que o tempo parou, principalmente se desembarcar de Maria Fumaça e usar uma charrete como meio de transporte até o largo das Forras. Há várias opções de pousadas, instaladas em casarões históricos, e restaurantes de diversas especialidades. A principal atração é a matriz de S. Antônio e a melhor vista da cidade é do alto do morro de São Francisco, que fica bem à frente da igreja como pode ser visto na fotografia.
Entre os melhores programas de Tiradentes estão as caminhadas pelas ruas históricas com lojas de artesanato, ateliês, antiquários e charmosos cafés.

Vista geral da cidade de Tiradentes.
É a mais preservada das cidades que visitamos. Talvez, por ser a menor, isto tenha contribuído bastante. Quando se percorre a cidade, tem-se a nítida sensação de que o tempo parou, de que voltamos no tempo.

Nesta primeira foto temos uma ruazinha típica de Tiradentes. Isto tudo sempre me parece muito familiar, pois Casa Branca, minha cidade natal, tem ainda muito deste estilo, incluindo o sobradão onde nasci. Essas cidades históricas mineiras lembram pérolas do passado, incrustadas nas encostas das montanhas e se espalhando, modestamente, pelos vales dos auríferos dos rios do passado.
Às vezes, ao escurecer, sentados na pedra da soleira de suas velhas portas de madeira, parece que ainda se pode ouvir o ranger das grandes rodas dos carros de boi que, empoeirados, lentos e determinados, esmagavam, com seu ranger característico, as irregulares pedras do calçamento. Era um ruído rouco, um estirar de couro curtido, um atritar de canzis, um martelar cadenciado dos cascos das 6 juntas de bois, que vinham a léguas, cortando as altaneiras serras de Minas Gerais.
Na segunda foto, os amigos descendo de suas “montarias” que nos trazem ao presente, para revivermos o passado. ( O “Xis Egg com cat chup”, dava o tom colorido na caravana).

Nesse dia, a rua em frente à Matriz estava interditada, pois estavam fazendo uma tomada para um filme, que se passará nestas relíquias do passado, percorrendo as rotas e o ciclo do ouro em Minas Gerais.
Ao longe, altaneira sobre Tiradentes, está a Serra de São José. É uma formação de rochas que lembra muito a Serra da Canastra. Segundo um velho morador do lugar, a Serra de São José seria um prolongamento da Serra da Canastra.
Não discuti com o senhor em vista da segurança com que ele afirmou esse fato, mas, infelizmente, não posso concordar pois: não é a mesma estrutura nem pertence ao mesmo tempo geológico.
Com boa vontade pode-se ver, no canto superior direito da foto, um vale que se aprofunda, abrindo uma fenda na Serra de São José, que segundo o guia, é por onde passavam as caravanas e tropas com destino a Ouro Preto, Mariana, Catas Altas, enfim, era a rota do ouro chegando ou saindo de Tiradentes. O guia nos convidou para irmos, a pé, verificar; seriam somente quatro horas de viagem! Alegamos falta de tempo...

O Marcelo e a Cristina estão olhando para a mais importante igreja de Tiradentes, a Igreja de Santo Antônio tem ao fundo, a Serra de Santo Antônio. Foi nesta Serra e desta Serra que todo o ouro deve ter saído, tanto para as catas a céu aberto como para a batéia das terras de aluvião das margens do Rio das Mortes. Todo este ouro foi descoberto no início do século XVIII (1703), pelos aventureiros bandeirantes paulistas.

A Fachada desta Igreja foi projetada por Antônio Francisco Lisboa, O Aleijadinho.
A portaria foi executada em pedra sabão por Salvador de Oliveira. Realmente é um trabalho maravilhoso de arte e de bom gosto. Na segunda fotografia vê-se: Eu e o Fernandão.

Não podemos continuar falando da cidade que tem o nome de Tiradentes sem que mencionemos um importante fato histórico do Brasil colonial, A INCONFIDÊNCIA MINEIRA.
Nas primeiras décadas do século XVIII, para garantir o pagamento de impostos sobre o ouro, Portugal proibiu a circulação do ouro em pó, e criou as casas de fundição, onde o metal era transformado em barras e o imposto de 20%(um quinto) era recolhido. Se a cota anual não fosse atingida, era feita a derrama, ou seja, a população era forçada a completá-la.
No final do século XVIII, com o esgotamento das minas,as vilas do Ciclo do Ouro entraram em declínio. Em 1789, o anúncio da realização da derrama causou revolta em um grupo do qual faziam parte: Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, os padres Rolim e Toledo e o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. (alferes - V. hierarquia militar - Militar que detém a posição hierárquica de alferes: & Porta-bandeira).
Porém, a conspiração foi delatada ao governador pelos contratadores portugueses, entre eles Joaquim Silvério dos Reis. A derrama foi suspensa e os inconfidentes presos.
Em 1782, saíram as sentenças: A maioria dos inconfidentes foi degredada para a África e Tiradentes, condenado à forca. Em 21 de abril foi executado, seu corpo esquartejado e sua cabeça ficou exposta na praça principal de Vila Rica.

É um quadro? É uma pintura? Indescritível o que se sente, sentado no banco da praça da igreja e olhando para esta imagem, ao vivo! É o sabiá com seu canto melodioso, é o arfar do vento fresco vindo da Serra de São José acariciando a paisagem, é um burburinho de vozes amigas e sons harmônicos, é o recordar de um passado, dos tempos da inocência de nossa vida. Gostaria de parar o tempo, como o fez a máquina fotográfica, mas, impossível, a vida é dinâmica, pois o que vemos e sentimos é fruto de nossa mente e não nescessáriamente do que está à nossa frente.

Casa Branca, minha cidade natal, Largo do Rosário, esta cena lembra-me tanto aquele longínquo lugar de meu passado. Lá ao fundo era a casa de D. Maria Adélia, com o quintal cheio de jabuticabas, que à noite íamos “roubar”, mera aventura, pois, nossos quintais eram cheios de jabuticabeiras...O tempo passou, mais de 50 anos, e nesses momentos de meditação, essas lembranças retornam à mente com imagens nítidas, sentimos o cheiro delicioso da dama da noite; vejo os companheiros tomando conta enquanto pulamos o muro, o latido dos cães nos bairros ao longe, e a lua cheia guiando nossos titubeantes passos até a árvore do fundo do quintal, onde os frutos eram maiores e mais doces...E quanto mais o tempo passa mais doce são nossas recordações.

Esta é a frente da Igreja de São Francisco, com sua rua principal, onde estavam fazendo a filmagem.
Sentado nesta escadaria, vendo ao longe a Serra de São José, que corta a região até São João Del Rei, tendo a seus pés a outrora caudalosa corrente do Rio das Mortes, que corre paralelo à serraria, não posso deixar de imaginar os numerosos momentos históricos que a região já viveu.

Imagino o retumbar do tiro dos bacamartes, no sangrento encontro entre os Bandeirantes e os Emboabas há três séculos, em 1709, às margens do Rio das Mortes, em uma área entre Tiradentes e São João Del Rei. As armas eram ineficazes, carregadas com pedras e pólvora preta, que faziam mais fumaça que estrago. Assim, os tiros não eram mortais e o fim dos inimigos era na arma branca, na faca, na espada e na lança. Os corpos, mutilados e sangrando, ainda com vida, eram lançados no rio, para que, no afogamento, o serviço ser terminado.
Depois de horas de lutas, era um rio de sangue e de corpos que desciam, um espetáculo horrível em prol do ouro e do poder. Foi neste momento que o rio recebeu seu nome: RIO DAS MORTES.
Talvez, nestes três séculos, o homem não tenha mudado. Os bacamartes viraram metralhadoras; as lanças, mísseis; o cavalo, tanques e aviões; a pólvora preta , TNT e armas atômicas; o ouro, o poder e petróleo...e para matar já não precisam dos rios para afogar os moribundos, pois as armas são absolutamente letais.

A tempo, Emboabas: Nos tempos coloniais, alcunha que os descendentes dos bandeirantes paulistas davam, especialmente na região das minas, aos forasteiros portugueses e brasileiros de outras origens, que entravam no sertão em busca de ouro e pedras preciosas.

Este é o famoso CHAFARIZ da cidade de Tiradentes: Todo o grupo está aí reunido, aproveitando para tomar de sua límpida e fresca água.
Da esquerda para a direita: Dr. José e Dani com sua filha;Elias e Dani, José Milton; Fernandão; Sergio Lima; Cristina e Marcelo.
O chafariz de São José foi construído pela Câmara Municipal, em 1749. Na fachada, o nicho que abriga a imagem de São José de Botas é encimado por um brasão de armas do reino de Portugal. O chafariz cumpria tríplice função: abastecer a cidade de água potável, servir para lavar roupas e dar de beber aos animais.
A água chega ao chafariz por um aqueduto de pedra que desce do Bosque da Mãe D’água, situado ao pé da Serra de São José. Numa curiosa postura da câmara Municipal, eram punidos e presos os que desrespeitassem as normas de utilização do chafariz. Por exemplo, havia pena para os negros que amolassem facões nas pedras do chafariz.

Esta é um aspecto típico da construção de uma casa da época colonial. Primeiramente era feito uma estrutura de madeira de lei principal a aroeira; as madeiras eram encaixadas sem nenhum tipo de contenção, como pregos ou parafusos, que, aliás, não existiam na região, naquela época. Era, como se pode ver, um acabamento perfeito, com tudo muito bem equilibrado, encaixado e sustentado por tesouras, mãos francesas e outros recursos de carpintaria.
“Nosso querido sobradão em Casa Branca, com os cuidados da Rita & Regina, tembém, foi feito assim no século retrasado, e lá está, de pé, soberbo e maravilhoso. Espero que ele permaneça impoluto por mais algumas gerações, como uma memória viva da família do vovó Rita e Dr. Narciso”.

A expressão “ Sem eira nem beira “, que significa sem recursos, na miséria, vem desta imagem das casas antigas. As casas das pessoas mais importantes e ricas tinham estas duas estruturas no arremate do telhado; já as casas mais simples não tinham nem a eira e nem a beira, eram taperas. Daí nasceu a expressão.

Em um filme “Hilda Furacão”, com Ana Paula Arósio, ela se entrega a um jovem padre neste lugar, onde havia uma cruz. O lugar ficou tão famoso que até acabaram sumindo com a cruz, pode?

Cristina, fotografando uma vista de Tiradentes, provavelmente a fotografia que ela tirou fosse a que se segue. Fiquei olhando minha filha e meditando: O tempo, os lugares e as pessoas. Há mais de 20 anos, havia levado ela com as irmãs neste mesmo lugar.
Tenho a filmagem. Elas correram, pularam pela grama e nem pude apreciar a paisagem, pois queriam ir tomar lanche, andar de charrete e continuar brincando. A árvore é a mesma, talvez um pouco maior, o ambiente o mesmo e minha filha?
- Uma mulher! Inteligente, formada, com uma sensibilidade profunda pela vida, uma consciência concreta pelo tempo e uma percepção sutil pelas pessoas.
Senti-me feliz, nestes momentos de introspecção, vendo o fruto de meu amor, com essas características a alma e coração se juntam em uma silenciosa felicidade íntima. Só o amor constrói!

Despedindo de Tiradentes, levando na mente esta visão, que acredito ser uma das vistas mais significativas da pequena e encantadora cidade histórica de Tiradentes, prosseguirei minha trilha, como os bandeirantes, não em busca de ouro, mas a cata de etéreas e prazerosas recordações do passado.
O tempo é relativo, tantas são as trilhas, que não podemos passar “batidos” pelos caminhos, pois não podemos nos dar ao luxo esquecer, ou não sabermos apreciar, por onde estamos passando. Não podemos caminhar como ébrios, procurando curar a ressaca de uma vida infeliz. Devemos sempre ter um sentido, um objetivo, uma paixão nas trilhas de nossa vida.


SÃO JOÃO DEL REI.

A cidade tem, hoje 78.000 habitantes. Por ser já uma cidade de porte ela perdeu muito de suas características da época colonial.
Fica a 185Km de Belo Horizonte e a 14Km de Tiradentes.
A cidade foi fundada em fins do século XVII por taubateanos (paulistas de Taubaté) liderados por Tomé Portes Del Rei, que por isso, é considerado seu fundador.
Foi nesta cidade que, em 1709, os portugueses articularam um ataque aos paulistas no “capão da traição”, dando início à Guerra dos Emboabas. No início os paulistas foram emboscados e chacinados pelos portugueses, como já abordamos, dando origem ao nome de Rio das Mortes.

Hoje a cidade vive do turismo, da mineração e do comércio.

A Cristina, o Marcelo e a Dani (de costas), estão olhando o centro velho da cidade que ainda mantém características da época colonial. Estamos na frente da Igreja de São Francisco de Assis, cuja fachada forma um belo conjunto com as palmeiras imperiais da Praça Frei Orlando.
Nesta cidade sente-se o contraste dos tempos, é uma miscigenação do antigo com o novo. Não é uma mistura muito palatável. Existe em São João Del Rei um contraste, ou melhor, um ambiente que nos deixou tensos. Sentimos uma falta de apoio ao turista, pareceu-nos que a cidade e seus habitantes preferem o “moderno”, a correria, muito mais que a tranqüilidade das velhas cidades mineiras.

Realmente este portal da Igreja de São Francisco de Assis é uma obra de arte maravilhosa. O guia nos explicou tantos detalhes que me sinto impotente e sem conhecimentos suficientes para a descrição que merecia ser feita deste extraordinário trabalho artístico.

Em São João Del Rei nasceram muitas pessoas famosas. Aí, estamos no cemitério que fica atrás da igreja e onde está sepultado, para nós da atualidade, seu filho mais famoso: Presidente Tancredo de Almeida Neves. Realmente, um homem importante, que merece nosso respeito e tristeza por ter morrido pouco antes de tomar posse como Presidente da República.

Este é o cemitério. Incrível, mas é um lugar onde um sentimento diferente nos invade o coração. Seria a beleza arquitetônica da parte posterior da igreja? Seria a presença de centenas de flores em vários sepulcros? Ou seria a temporalidade de nossa existência? Creio que esse cadinho de idéias, como uma plêiade de fatos, sons e memórias, nos tenha conduzido a uma meditação do presente com vistas ao passado, e podemos concluir, humildemente, que realmente, o que vemos e sentimos são breves e importantes momentos da arte de viver. Se ao contemplar tudo isso, não sentirmos nada, devemos repensar nossos conceitos, rever profundamente os paradigmas de nossa vida, em busca de uma nova maneira de ver e vivenciar nossa rápida passagem por esta maravilhosa aventura: A VIDA.


Aí está São João Del Rei visto de seu ponto mais alto, de onde podemos ter uma idéia de parte da cidade, com as Alterosas ao fundo, para o lado de Tiradentes.
Repentinamente, toda a emoção do grupo foi se esmaecendo; o guia falava e ninguém ouvia...o que seria? A fome. Quando o José Milton falou do rei das empadinhas foi uma debandada geral do grupo.
O Elias e Marcelo desceram do morro pelo atalho...e as Igrejas viradas para a Matriz ficaram para depois! O que não faz a fome!

Muito bom, bom mesmo, afinal, ninguém é de ferro. A galinha ao molho pardo, etc, etc, nos trouxe ao sadio companheirismo...Como é gostoso viajar com um grupo harmonioso como este! O José Milton era o comandante, conhecido do dono do restaurante. Foi um almoço às 14:30h, no “restaurante do padre”, que durou mais de hora. Tantos casos para contar, tantos comentários, até a chegada das fartas e fumegantes cubas de pedra sabão com os frangos, farofas, torresminhos, lingüiça, arroz e feijão tropeiro...Aí, fez-se silêncio...
Eram garfos e facas em ação. E o Fernandão, meu sobrinho, lá na ponta da mesa: “Mais é boa mesmo essa comida”. Terminamos com doce de leite e ...cama, lá na pousada.

Parte e aspecto dos pratos mineiros que foram servidos.

O José Milton pediu para não ser convidado para o passeio da tarde; ia por o sono em dia.
Nós fomos para um lugarejo chamado Bichinho e depois para Prado, onde compramos sapatos e botinas bem baratos. Eu comprei uma linda sela por 142,00 reais, “ Eta trem bão, sô”

Há meses estamos marcando a data para voltarmos à Prado e fazermos umas compras...mas o tempo vai passando e a motivação ainda não foi suficiente para a viagem sair.

Esta é a linda Luiza, que foi a mascote mais bonita que nossa caravana já teve. É ver e confirmar minha assertiva.

Dia 15-11-2002. Estamos nos preparando para irmos para Macacos, cumprindo uma extensa trilha, ou melhor, um longo percurso.

Aí está um esquema da viajem que fizemos: 1.Tiradentes, 2.São João Del Rei, 3. Cel. Chavier Xaves, 4. Lagoa Dourada (terra dos rocamboles), 5. Entre Rios de Minas, 6. São Brás do Sapucaí, 7. Conselheiro Lafaiete, 8. Ouro Branco, 9. Ouro Preto, 10. Mariana, 11. Santa Rita Durão, 12. Catas Altas, 13. Barão de Cocaes, 14. Parque Nacional do Caraça, 15. Belo Horizonte e 16. São Sebastião das Águas Limpas (Macacos).
Esta viagem foi realizada praticamente sobre os Escudos Expostos (abóbadas e saliências dorsais dos arqueamentos do Espinhaço Geral ).

Ao fundo, a Serra de São José. Os meninos estão carregando a moto do Marcelo para seguirmos até Macacos. Estamos na pousada. Tudo foi muito rápido e fácil. Quanto os jovens “estão a fim” de alguma coisa, não há obstáculo para eles.

Estamos parados em um Posto de gasolina em Ouro Branco, a caminho de Ouro Preto e Mariana. Na fotografia, a Ranger do Elias, a L200 do Marcelo e a Frontier do José Milton, e toda a turma fazendo uma conferência para saber onde iríamos almoçar.
Neste ponto começa uma Serraria que se estende, praticamente, até Catas Altas; os caminhos vão cruzando Serras, belos vales, uma paisagem incrivelmente diversificada. Todo brasileiro deveria fazer esta viajem com um bom guia e um professor de história, pois quando estes caminhos eram cruzados por mulas carregadas de ouro para os portugueses, que o desperdiçavam com a Inglaterra e conquistas infrutíferas, o resto do Brasil, o resto do Brasil, como a região de Ribeirão Preto (Mogiana), Alta Paulista (Rio Preto), Sorocabana ( Andradina , Junqueirópolis, Prudente) ainda eram matas virgens, onde os índios Guaranis e outras tribos viviam selvagemente.

Uma imensa mineradora existe entre Ouro Branco e Ouro Preto. O homem, em sua atividade, agride profundamente a natureza. Este, provavelmente, é um imenso tanque de decantação da mineradora, e a mata, e rios, nestes pontos, estão completamente destruídos e contaminados.

Como dizem, passamos “batidos” por Ouro Preto e Mariana. Era feriado, as cidades históricas estavam repletas de turistas, foi muito difícil cruzar suas estreitas ruas. As imagens e o histórico destas importantes cidades, terão que ficar para uma outra ocasião.
A viagem das cidades históricas até Catas Altas e Mosteiro do Caraça é riquíssima em detalhes históricos e geológicos.
Restam numerosos vestígios da estrada imperial que unia estas cidades onde o ouro era encontrado em abundância. Vimos pontes e aterros feitos de pedra, assinalando o antigo traçado das Trilhas do Ouro.
Muitas vezes, paramos nos vales profundos, olhando para o alto dos espigões da Serra do Espinhaço e imaginando os tempos geológicos que moldaram, durante milhões de anos toda aquela riqueza de detalhes.
Deixando nos caminhos das lavas vulcânicas, que fluíram espremidas em suas entranhas o ouro, o diamante e uma das maiores reservas de ferro do planeta.
Em cada região o vulcanismo deixou sua reserva de riquezas: Nestas o ouro, que pela erosão destes feios de lava vulcânica, despejou o ouro de aluvião nos leitos e nos barrancos de sedimentos. Depois o homem, em Mariana, por exemplo, ainda achou seu veio, e penetrou terra a dentro retirando o ouro ainda misturado com o basalto do magma que aí, há milhões de anos, escorreu, por entre as fendas das rochas sedimentares metamórficas, quando ainda fazíamos parte da Pangéia, o grande e único continente primitivo, que formava a crosta da Terra
Na grande região de Diamantina, nestes feios existiam grandes quantidades de diamantes.
Sem contar a região do coração de Ferro de Minas Gerais...são tantas riquezas...e...por que, tanta pobreza, é a ...


CHEGANDO AO COLÉGIO DO CARAÇA.

Primeira visão do famoso Colégio do Caraça. Depois de subirmos uma Serra muito íngreme, na encosta oeste da Serra do Espinhaço, nos deparamos com essa visão. Difícil conceber como homens valentes, obstinados e com uma determinação a toda prova, conseguiram, há mais de 3 séculos construir esta monumental obra praticamente no meio do nada. Mesmo sem querer fazer uma analogia, lembrei-me dos monges tibetanos, que construíram seus monastérios nas montanhas mais altas do mundo, quase se despencando de escarpas inacessíveis, na cordilheira do Himalaia, em busca do que? Do encontro do homem físico com o homem espírito, que deve seruma experiência extraordinária, e que é, realmente, o que deve contar.
Para muitos filósofos este encontro vale a busca de uma vida inteira.
E para mim, modestamente falando, uma vida inteira nada vale, se em nenhum momento o homem físico não consegue se identificar profundamente com seu espírito. O espírito não é simplesmente uma idéia vaga para mim, ele é a somatória de nossos sentimentos, de nossos amores, de nossos quereres, modulados pela nossa mente no estágio de meditação. É muito complexo tudo isto, por esse motivo, acredito que estes homens buscaram, na solidão das distâncias e na harmonia da natureza, um lugar para se encontrarem consigo mesmos na eterna busca de identificação com o Criador.
Tantos livros leram, tantos ensinamentos de milênios buscaram, procurando sempre a chave, o caminho que os conduzissem pela trilha árdua desta dificílima busca.

Com a teleobjetiva tudo parece ficar ao alcance da mão. A igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens, com sua esguia torre, a monástica arquitetura do colégio, a biblioteca à direita, vítima de um incêndio causado por uma lamparina de um estudante e que destruiu preciosíssimas obras do acervo da biblioteca vetusta do colégio...Tudo parece tão perto!

Para chegarmos a este ponto da estrada, já havíamos percorrido mais de 450Km. Conhecemos muito das trilhas do ouro, vimos trechos da estrada imperial. É emocionante ver tudo isso, poder contemplar e imaginar tropas de mulas, carregadas de bruacas, com seus passos cadenciados cortando estes estirões infindáveis: Eram tantas as pedras e as distâncias, que, periodicamente, o ferreiro da caravana tinha que trocar as ferraduras dos muares. Ainda se encontram, nos pousos dessas comitivas, restos de cravos e pedaços destruídos de velhas ferraduras, bem como o carvão das fogueiras, para esquentar os cravos fixando e modelando as ferraduras, nos cascos dos animais.

O nome do parque vem de Caraça (rosto grande). Tem um pico, que tentei mostrar, que lembra um gigante deitado na montanha. Na sede do Parque funciona o Colégio e o Convento do Caraça, construídos entre 1774 e 1779. No Parque existem numerosas trilhas para serem percorridas a pé...eu e José Milton estávamos com uma vontade louca de percorrê-las, mas os meninos afinaram! Esta mocidade de hoje...queriam percorrer a trilha correndo, aí já seria demais!

Bela fotografia do José Milton, Cristina e Marcelo, percorrer todo o colégio foi tranqüilo pois o nosso guia, o próprio J. Milton, tudo sabia e conhecia. Mesmo lugares não aberto a visitação, ela com a maior naturalidade abria as portas, identificava os espaços e era muito bem recebido por todos. Até acho que ele está preparando o terreno, para arranjar um lugar lá, para eu terminar meus dias, na clausura e na solidão do Caraça.

Andando nestes corredores, vendo os lugares onde os antigos padres – professores, foram enterrados, é impossível não sentir a força que o lugar exerce sobre todos nós. Há uma umidade fria no ar ambiente, o silêncio, às vezes, é entrecortado por ruídos estridentes, como sinos caindo, janelas imensas batendo, mesmo sem vento...
Nosso andar cauteloso faz as velhas tábuas do chão rangerem, enfim, é uma sensação muito profunda, fazendo com que a gente sinta de forma irresistível uma vontade de voltar. Voltar para que? Voltar para ver tudo aquilo que imaginamos e não pudemos ver, voltar para sentir, no fundo de nosso ser, algo muito maior que nossa visão pode nos oferecer: Voltar para, sentados nos bancos da capela, nas pedras do pátio, na beirada dos canteiros, sentir um pouco de toda força mística que aquele complexo de fé pode nos transmitir, da forma mais sutil que alguma coisa poderia nos atingir a alma, o silêncio para a meditação, o encontro da paz.

Estávamos caminhando pelo corredor, admirando essa imagem singela e de rara beleza, quando este carrilhão tocou. O som, criando um eco harmonioso, deu vida ao ambiente.

Eu e José Milton estávamos aí, ao lado do museu.
Para dar a ele um parâmetro de minha idade, eu lhe contei que naquele museu, não havia nada que eu já não tivesse usado: O telefone de magneto, as máquinas de escrever Remington, Olivetti, cadeiras, louças, talheres, etc...
Meu grande amigo foi então ao museu e requereu um formulário para doar-me também a ele, como uma peça histórica do passado.

Indescritível a sensação de estar nesta capela. Um aluno – professor, nos deu um histórico do Colégio do Caraça; a história é complexa, cheia de idas e vindas, mas fato sempre presente é a fé destes homens e a vontade inabalável do encontro espiritual com o Criador.
Pelos vitrais seculares, filtrava uma luminosidade difusa, mas intensa! Paradoxalmente, havia no interior da capela um nítido contraste entre as sombras, luzes e a escuridão. Isto tornava o ambiente místico, sobrenatural e o ar de uma leveza indescritível. Sentimo-nos não bem em seu interior, que um longo período de tempo havia passado sem que nos déssemos conta do relógio.

Despedida do Caraça. Aí está uma foto da distante escarpa da montanha da Serra do Espinhaço, na região posterior do colégio, que tem o aspecto de um homem ciclópico deitado no vale, daí o nome de Colégio do Caraça.

Seguimos viagem para Macacos com passagem por Belo Horizonte. Tínhamos muito chão pela frente, então o José Milton pisou fundo na sua Frontier, e não deu outra: logo estávamos chegando por lá. É só aventura!

No outro dia fomos fazer algumas incursões na região de Macacos ( São Sebastião das Águas Limpas): Aí estamos no alto de um morro a mais de 1.200m de altitude. Ao fundo das duas fotos abaixo podemos ver Belo Horizonte se espraiando entre as montanhas.

Montanhas, vales e estradas de terra se perdendo nas distâncias, tudo isso cria uma dimensão tão grande, que torna o momento muito especial e particular, um êxtase para o espírito viajante, impulsionando necessidade de novas buscas, novos desafios e novos panoramas.
Nestes momentos, procuramos nos localizar na praia do universo, neste tênue limite entre o solo e o espaço, procurando as mais altas elevações, como se fosse uma busca do encontro entre a Terra e o Espaço Sideral.
Talvez a única noção que temos, com mais clareza, do espaço infinito que nos cerca, é a noite: o espaço sideral que envolve todos os sistemas planetários e todas as galáxias, sempre pode ser melhor imaginado em uma noite escura e estrelada, vendo a Via Láctea deslumbrantemente desenhada na abóbada celeste.
Quem não consegue pensar, com clareza, vendo as constelações no zodíaco, que realmente a superfície da Terra ou do Mar é um limite, ou seja, a Praia do Espaço Sideral?

Talvez, nesta fotografia, eu tenha encontrado a síntese resumida de meu sentimento. Nuvens em altos estratos, pequenos flocos de cúmulos de bom tempo, vagando pelo espaço, os tons das nuvens se alterando com nosso ponto de vista.
Somente as sombras das nuvens deslocando-se pelo solo, 800metros abaixo, nos atestam a dinâmica da troposfera que nos cerca. Que vontade de levantar vôo, de percorrer o espaço em busca da identificação entre o etéreo infinito do espaço e o sólido limite da Terra.
Talvez, se eu fosse um sábio, com grande capacidade de meditação, teria pedido, a meus companheiros, com sutileza, que ficassem quietos por alguns momentos, ou, horas talvez, para poder sentir, ouvir e admirar um pouco do muito que esta vista pode oferecer.
Mas, o relógio anda ininterruptamente! Queremos ainda ir a tantos lugares, que os lugares por onde andamos tornam-se retalhos de um grande tapete, que são nossas lembranças, povoadas com imagens desconexas, pois quase nunca dispomos de tempo suficiente para de analisá-las e posicioná-las em seus devidos lugares em nossa mente. Na maioria das vezes, passamos “batidos” pela vida e estamos, ao final, abatidos, por não termos vivido como deveríamos, em nossa curtíssima existência.

Estava com a Cristina, acariciando esses sentimentos, quando um feliz aventureiro ascendeu silenciosamente no espaço, concretizando meu sonho de voar com os pássaros ao sabor do vento, subindo com as correntes ascendentes deste cúmulo que aparece na foto, em busca da liberdade de voar para um destino indefinido, ou seja, para onde a brisa levar.

Para este vôo da liberdade, é preciso antes de mais nada ser um forte, ter audácia, desafiar as leis da gravidade e confiar em si mesmo acima de qualquer coisa, pois um pequeno erro neste momento e a queda seria fatal. São minutos de espera pelo vento na direção certa, não pode ser muito forte, nem muito fraco, tem que ter força exata. Chegado o momento, é se lançar ao espaço, curtindo a aventura. A vida é nossa maior aventura e para sermos felizes temos que ter sempre a audácia do risco...se não arriscarmos nunca, jamais viveremos uma verdadeira aventura...

E, que aventura! Primeiro, um decola levado pelo vento, depois outros, e em um pequeno espaço de tempo, é um bando, como pássaros, planando nas correntes de convecção, como aves migratórias, em busca de mais altura para atingir a maior distância possível. E, em pouco tempo, os homens pássaros, são simples pontos sumindo no horizonte distante.

O RESTAURANTE DO MARCINHO.

Aí está nosso gentil anfitrião, Zé Milton, que nos levou ao famosíssimo bar do Marcinho. A mais perfeita comida mineira, o mais perfeito companheirismo, isso é passeio, isso é encontro! Nesse restaurante no meio da mata, perdido na serra, se encontram centenas de motoqueiros, trilheiros, jeepeiros e outras espécies de aventureiros, que gostam do emergente eco-turismo.

À tarde, saímos de Macacos para fazermos uma trilha, era a trilha “ sem fim”. Como podemos ver, largamos a estrada batida e pegamos o rumo...bem, ninguém sabia onde ia parar. Ao longe, no morro, Dr. José, mais perto, o Marcelão com sua L-200, eu e Zé Milton partimos cautelosos, mas seguros, atrás.

A trilha era uma sucessão de imagens espetaculares como esta. Passava quase sempre pelo vértice das montanhas, o que sempre nos possibilitava vermos os dois lados do relevo, e que relevo!. Em certas subidas, com 4X4 e reduzida, ainda tínhamos medo da máquina não ter aderência suficiente para romper as íngremes barreiras a nossa frente. As máquinas se portaram muito bem. O Zé Milton estava afiado, pois o perigo era grande; para qualquer lado que se derrapasse, era rolar ribanceira abaixo. Pura adrenalina, pura emoção, e o cenário, a cada curva, tornava-se mais belo...Indescritível a emoção de se trilhar esses esquecidos lugares de Minas.

Uma parada para fotos e analisar com carinho a paisagem; algumas cidades perdidas à distância, como. Nova Lima, muito esmaecida ao longe no horizonte. Belo Horizonte estava situada às minhas costas. Atrás do Zé Milton, o heróico quadriciclo do Elias.

Eu e Zé Milton, no alto da montanha, vendo os companheiros discutindo uma passagem muito perigosa na subida da trilha oposta. Considerando a segurança, e para dar exemplo de maturidade, não acompanhamos os jovens nesta empreitada. “Seguro morreu de velho”.
Por sinal eles voltaram, pois não também não conseguiram passar.Não sou adepto de trilhas de grandes graus de dificuldades, elas nos tiram o prazer do passeio, trazendo mais preocupação que satisfação.

Estamos na frente de nossa pousada em Macacos nos despedindo.
Assim termina nossa viajem. Já falei tanto, que sinto vontade de dizer uma única frase no final deste passeio maravilhoso: MUITO OBRIGADO, COMPANHEIROS, QUANDO QUISEREM PROGRAMAR OUTRA, ESTOU JUNTO!