Considero hoje os Grandes
Lagos, as represas que abrangem os estados de São Paulo,
Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná, envolvendo
dezenas de Grandes Represas nos Rios: Paraná seus formadores
e afluentes; Rio Grande; Parnaíba; Tietê; Sucuriu;
Pardo de São Paulo e MS; Peixe; São José
dos Dourados; Parapanema e dezenas de seus importantes afluentes.
Minha índole sempre foi para as grandes aventuras.
Viajei por todo o Pantanal, de avião pilotando, de
chalana comandando e de ATV (tipo de moto) pelas transpantaneiras
quase intransponíveis da planície infinda. Levei
praticamente 25 anos para realizar estas viagens e conhecer
um pouco do imenso Pantanal de Assumpção a Cáceres.
Sobrevoei parte Este da Floresta Amazônia, do Rio Fresco
afluente do Xingu até Imperatriz do Maranhão.
Eu e amigos tentamos abrir uma fazenda 300Km a Oeste de Redenção
do Pará, mas fomos expulsos pelos grileiros e tocaiados
pelos índios Kren-Kalores.
Já sexagenário resolvi conhecer
um pouco de nossos Grandes Lagos. Comecei por Furnas, onde
existem lugares de maravilhas indescritíveis. Depois
naveguei na região da Usina de Peixoto e Rifaina. Mudei
meu barco para a região de Miguelópolis, Planura,
Fronteira e Mira Estrela.
Meus horizontes no extraordinário Rio Grande estavam
completados, queria mudar o cenário. Estudei mapas,
pesquisei cidades e depois fui conhecer Pereira Barreto, uma
cidade ilha, as margens do Rio Tietê, ao lado o Canal
de Navegação de Pereira Barreto tendo ao norte
o Rio São José dos Dourados como limite; navegando
50 Km por este rio finalmente o Rio Pará, rio majestoso
de horizontes infinitos.
Era tudo que eu buscava. Para minha grande satisfação
encontrei uma pousada superbem estruturada a: Dinâmica
das Águas, maravilha! E, para minha sorte, encontrei
um pirangueiro e amigo o Éder que tem sido um companheiro
leal, bom pescador, animado e de ótimas prendas intelectuais
e de educação. Estava tudo como eu queria, assim,
há quatro anos que freqüento Pereira Barreto e
neste modesto artigo pretendo demonstrar os grandes atrativos
do lugar.
Este é o brasão da cidade, mostrando a data
de sua instalação, 1928, quando os imigrantes
japoneses viram para a região e a data oficial da fundação
da cidade em 1938. Realmente é uma cidade muito nova,
amiga e de um futuro maravilhoso.
Alguns dados importantes da cidade de Pereira
Barreto.
Pereira Barreto.
Alguns dos: Área do município = 982,7 Km quadrados.
Municípios que faz divisa: Andradina, Araçatuba,
Guaraçaí, Ilha Solteira, Itapura, Mirandópolis,
Santo Antônio do Aracanguá, Sud Menucci e Suzanápolis.
População: Urbana = 23.404 habitantes; na zona
rural = 1.886.
Altitude da Cidade = 371,2m.
Coordenadas Geográficas: Longitude = 051graus 06 minutos
26 segundos.
Latitude = 20 38 28.
Distância de São Paulo = 621 Km.
Distância de Ribeirão Preto = 401 Km.
PEREIRA BARRETO.
HISTÓRIA DO MUNICÍPIO
Fundada oficialmente em 11 de agosto de 1928, por imigrantes
japoneses, que para cá vieram trabalhar na lavoura,
Pereira Barreto ainda guarda fortes traços de seus
fundadores, que podem ser facilmente observados na cozinha,
nos costumes e nos monumentos públicos. Posteriormente,
vieram para cá, também, italianos, espanhóis,
portugueses, sírios, libaneses e muitos brasileiros
vindos de várias regiões do país, principalmente
do Nordeste.
Pereira Barreto, hoje, é considerada um paraíso
ecológico. Há muitas opções para
quem vem à nossa terra: praia, muito sol, ar puro e
fauna e flora riquíssimas.
A principal atividade econômica de Pereira Barreto é
a agropecuária, com destaque para a criação
de gado de corte. Na agricultura, destacam-se na produção
de milho, laranja e melão. Atualmente em virtude da
cana de açúcar grandes canaviais têm sido
plantados na região. Consta que grandes empresários
do setor estão para construir uma grade usina no municípios
de Pereira Barreto.
Em virtude da construção da Usina Hidrelétrica
de Três Irmãos e do Canal de Pereira Barreto,
formou-se ao redor da cidade de Pereira Barreto um enorme
lago de água doce.
A cidade, então, transformou-se numa
ilha, o que provocou uma enorme mudança em sua economia
e paisagem. O turismo e a pesca esportiva passaram, a partir
de então, a integrar o rol das atividades econômicas
do Município. Uma das principais características
de nossa cidade é seu clima quente quase o ano todo,
o que torna Pereira Barreto um lugar agradável de viver.
DIVIRTA-SE NA ESTÂNCIA TURÍSTICA DE PEREIRA BARRETO
Lago: O lago artificial é uma ótima opção
de lazer para quem gosta de passeios de lanchas e jet-ski.
Suas águas são calmas favorecendo também,
a prática de ski-áquatico.
Pesca: O município oferece várias opções
de pesca. Além dos pesqueiros existentes, o Lago Tietê
e São José dos Dourados atrai diversos pescadores
do Estado. Empresas especializadas oferecem aluguéis
de barcos e lanchas para proporcionar uma pesca agra
MAPA DA REGIÃO OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO.
MS E MG; MOSTRANDO AS CIDADES, ESTRADAS E OS GRANDES LAGOS
FORMADOS NA REGIÃO PELAS NUMEROSAS HIDROELÉTRICAS.
Neste mapa pode-se ter uma idéia da grandiosidade dos
Grandes Lagos da região sudeste. A flecha indica exatamente
a cidade de Pereira Barreto, mas omite a nordeste da cidade
o Rio São José dos Dourados, que é ligado
ao Tietê pelo Canal de Navegação, que
por sua vez comunica-se com o Rio Paraná. As barcaças
carregadas de grãos fazem destas represas com suas
magníficas eclusas uma via fluvial de exportação
de valor inestimável para nossa economia.
Estas fotografias foram retiradas da Internet,
com objetivo de: Na primeira fotografia uma visão pobre
mas esclarecedora da ilha que é a cidade de Pereira
Barreto. Na segunda a represa propriamente dita, casa das
turbinas, da Usina de 3 Irmãos. E a última a
eclusa de navegação da usina. As últimas
duas fotografias foram tiradas a jusante da barragem, o que
permite ver o mar de água que se forma a partir deste
ponto, formando um lago a montante com mais de 130Km de comprimento.
É um mar de águas azuis e transparentes, espelho
nas calmarias, revoltas e perigosas nas ventanias. Numerosas
vidas de incautos pescadores já pereceram em suas águas,
por não respeitarem ou desconhecerem a aproximação
de frentes ou a presença de Cúmulos nimbos se
deslocando pela imensidão de suas águas.
CAMINHOS PARA PEREIRA BARRETO.
Traçado da estrada de Ribeirão Preto à
Pereira Barreto, com os detalhes ao lado. Tempo médio
de viagem com uma parada em Rio Preto 4:15h.
A maior parte da estrada de Ribeirão
Preto a Pereira Barreto é de ótima qualidade.
Contado com praticamente a metade com pistas duplas. De Rio
Preto para frente é pista simples, mas muito boa, exceto
o trecho de 70 Km na região de Auriflama que está
completamente abandonado. Tem 4 pedágios no trecho
e 3 radares. Na grande vontade de chegar logo, para pescar
já tomei numerosas multas por excesso de velocidade
neste trajeto.
Muitos acham longe estes 400Km, eu já me acostumei.
Fim de semana, sol, não está ventado, não
tenho que ir à fazenda, minha rota é Pereira
Barreto, caçar tucunarés. Três ou 4 vezes
por ano pesco também no Pantanal, bem mas essa é
uma outra história.
Esta é uma fotografia da EMBRAPA, feito pelo satélite
Land Sat, da cidade de Pereira Barreto, para onde a seta maior
está indicando. Pode-se ver na imagem que a cidade
aparece como um istmo penetrando a represa de Três Irmãos.
A seta menor indica o início do Canal de Navegação
de Pereira Barreto que vai se comunicar com o represamento
de Ilha Solteira no afluente do Paraná Rio São
José dos Dourados. Os círculos verdes da foto
são imagens dos pivôs centrais de irrigação.
Nota: A água da represa na fotografia aparece na cor
preta.
Faz quatro anos que freqüento estas
águas, andando em alguns fins de semana até
400km, mais ainda, não conheço nem 20% de todos
seus meandros, suas ilhotas, seus alagados e suas baias.
O uso do GPS e a presença de um pescador
experiente da região, como é o caso do Éder,
é indispensável para se navegar por todas estas
águas.
PRINCIPAIS PONTOS DE PESCA NO GRANDE LAGO
DA BARRAGEM DE TRÊS IRMÃOS.
( Nosso próximo trabalho será mostrar os pontos
de pesca no Rio São José dos Dourados)
Esta é uma imagem do GPS 276C, do programa Mapa Surce,
mostrando a represa de Três Irmãos e os pontos
principais de pesca que temos utilizado. O mapa inicia a NW
na Represa de Três Irmãos e termina no Porto
de Araçatuba, com a estrada que corta a represa e vai
de Araçatuba para Auriflama e Fernandópolis.
Os principais pontos de pesca nosso ultimamente estão
no Rio Jacaré, que fica aproximadamente 60Km de Pereira
Barreto.
Temos pescado também no Rio Água Fria, onde
tem uma pousada Santa Clara onde as vezes almoçamos.
Somente navegar por todo esse mar de águas limpas e
transparentes é um lazer indescritível e como
sempre pegamos grandes tucunarés o que torna tudo muito
melhor ainda. Vamos ver!
Esta é uma visão típica dos milhares
de braços ou meandros da represa no Rio Jacaré,
esta fotografia foi escolhida pois pode-se ver no prolongamento
do barranco um bando enorme de IRERÊS, um tipo de paturi
que era muito comum em nossa região, principalmente
onde se plantava arroz irrigado. Quando começaram usar
herbicida nesses arrozais toda fauna que habitava esses banhados
desapareceram. Agora felizmente estão reaparecendo
nestas imensas represas.
Era final da tarde e estávamos atrás de um espécime
deste as 9:00h. Encontramos inicialmente um cardume dos tucunarés
médios onde alguns deram medidas, mais ou menos uns
5 peixes. Começou vetar um pouco ao meio dia, puxamos
a capota da lancha e tomamos um suculento lanche, depois como
de costume dei uma cochilada de 1:30h, para me refazer...
As 15:00h retornamos a atividade em um ponto muito promissor
e encontramos um cardume de “paquinhas” todos pequenos não
deu para recolher nenhum. A tarde caia lentamente, quando
em um lance do Eder com a artificial de levantar os tucunarés,
ela sofreu um ataque fulminante levantando uma onda que não
deixava dúvida:
Era o espécime, que estávamos procurando. Aí
foi a festa, a fotografia mostra o maior que pegamos naquele
final de tarde. Ao todo pegamos três grandes azulões.
Este é o esqueleto da ponte inacabada. Um monstro de
concreto jogado fora, sabe-se lá quantos milhões
não estão mergulhados nos 30m de profundidade
desta represa? E quantos milhões, hoje dólares,
para pajelança dos políticos? As proporções
destas obras são inimagináveis, essa estrutura
tem 12Km de comprimento. Pode-se imaginar na fotografia do
satélite e nos pilares a se perderem de vista à
distância.
Esta é uma fotografia da EMBRAPA, feita pelo Land Sat,
do Rio Jacaré represado pela Barragem de Três
Irmão. É sem sombra de dúvidas um dos
lugares mais lindos de toda a imensa represa. Além
disso possui pontos de excelentes lugares para se pegar grandes
peixes. A maioria de minhas pescarias com o Éder têm
sido feitas nestes pontos. Os cardumes andam, em busca de
alimentos, por este motivo temos que andar bastante também
até encontrá-los. Como eu digo pescar o tucunaré
esportivamente é mais uma caçada que uma pescaria.
É a procura de detalhes para achar a presa e depois
o arremesso certeiro para que o valente peixe arrebate nossa
isca e depois embarca-se somente os maiores somente para “comer
na volta”.
DINÂMICA DAS ÁGUAS
– AMIGOS DE PESCARIA – LANCHA E OUTROS.
O objetivo final seria este: bons exemplares
de tucunarés pegos esportivamente em águas limpas.
Mas como veremos lá tem muitas coisas alem disso. Paisagens
deslumbrantes e aves já e bichos que somente víamos
no Pantanal.
Levando os amigos para pescar. Aí
estão o José Milton com seu filho Eduardo, vieram
de Belo Horizonte, já pela segunda vez, pescar em Pereira.
Estamos em frente ao chalé da Dinâmica, prontos
para sairmos. O fotografo foi o Éder. Uma mordomia,
pois a lancha já está no trator, comandado pelo
Ceará que irá nos deixar e nos pegar lá
na represa. São 9:00h da manhã.
O sol estava bravo. O dia lindo, mas os
tucunarés não estavam muito de briga. Depois
de mais de hora o Zé Milton ferrou um bom peixe o que
nos animou bastante. Mas ele estava feliz com a mansidão
das águas, o céu azul enfeitado por cúmulos
de bom tempo e nosso farnel de comida muito variado. O Eduardo
não é muito fã de pescaria, ele é
um psicólogo e um filósofo, se contentava em
ver a alegria dos “velhos” e as fisgadas que perdíamos,
era motivo de suas gozações.
Quando estávamos navegando com o
motor em velocidade dava para suportar o calor. Tínhamos
saído da Água Clara para irmos ao Jacaré,
lá ao invés de pescar, fomos...
Ficar dentro da água com o calor que estava fazendo
foi o recurso. A temperatura da água no Fish-finder
era de 29 graus C. Ficamos mais de hora boiando e conversando
nesta praia do represamento do rio Jacaré.
O Eduardo não quis arriscar, preferiu
subir a capota da lancha e ficar olhando os dois hipopótamos
banhando. O Éder ficou, muito gentil, nos servindo
uns bons sanduíches com bebidas geladas. O Zé
Milton nem queria mais voltar pescar. Para ele o melhor seria
fritar os lambaris que levamos como iscas e ficarmos ali bebendo
cervejinha gelada com salaminho e outros acepipes do farnel.
Não era má idéia. Mas como sempre fala
o sábio primo Gustão: O que pega peixe é
anzol na água.
Durante a tarde vimos muitos espetáculos
lindos da vida na represa. Esse bando de patos nadando em
fila indiana e de tempos em tempos mergulhando para se alimentarem
de camarões de água doce, que são muito
abundantes nas algas que crescem nas margens da represa, onde
a límpida água permite a luz solar realizar
o milagre da vida – a fotossíntese.
O dia foi agradabilíssimo.
Não pegamos muitos tucunarés, mas nos divertimos
muito e neste primeiro dia eu e José Milton pudemos
por a conversa em dia. Tínhamos certeza que no outro
dia a pescaria seria farta. Gastamos 1:15h do Rio Jacaré
até a Dinâmica das Águas, estamos nesse
momento da fotografia nos preparando para aportar, o sol escondendo
atrás da cidade de Pereira. Observando-se bem pode-se
ver a silhueta dos prédios ao longe, no horizonte distante.
A água da represa um espelho, refletindo as tênues
cores do firmamento. Maravilha! Sente-se nesses momentos a
presença de Deus dentro de nossos corações.
Amigos, harmonia, beleza e a paz invadindo nossas almas. Obrigado
Senhor por viver esses momentos inesquecíveis de nossa
efêmera existência.
UMA PESCARIA INESQUECÍVEL (ENTRE OUTRAS) DE 07-12-2002
Coloquei uma data neste
título, mas na realidade ele tem pouco significado,
pois ao longo de todos estes anos que pesco em Pereira Barreto,
com o Éder, tudo se confunde. Os peixes que pegamos,
as emoções que tivemos, os temporais que corremos...em
fim; como na imensidão destes grandes lagos as lembranças
também se perdem na névoa dos tempos.
Os lugares não os perdi pois os tenho
nos “Waypoints” do GPS, mas quanto aos peixes que peguei somente
o Éder diz saber, pois os tem localizados na mente.
Vamos descrever uma pescaria típica no Rio Jacaré.
Para esta pescaria
eu havia chegado bem a tarde na Dinâmica. Depois de
descarregar a condução o Éder foi dar
um jeito na traia de pesca. Depois jantamos na padaria&pizzaria,
a garçonete preparou um lanche para levarmos e fomos
para o chalé dormir mais cedo. No outro dia em primeiro
lugar, como piloto da embarcação fui fazer uma
vistoria para ver se estava tudo de acordo. O Éder
como chefe da pesca foi vistoriar a traia de pesca. Todo pronto,
podemos partir.
O trator pilotado
pelo Paima está no conduzindo para o porto do desembarque,
a frente aparece minha S-10 campeã das idas e das multas
para Pereira Barreto.
Na hora de colocar a lancha na água, uma grande mão
de obra, o represamento de Ilha Solteira, fez com que as águas
do São José dos Dourados corressem para Três
Irmãos, trazendo todo estes aguapés que estavam
bloqueando a saída do porto. Grande mão de obra
para a desobstrução, faz parte. Pescador sofre!
Depois de muito luta ganhamos água.
A primeira parada
logo a frente do porto da Dinâmica, é onde compramos
os lambaris que servirão de iscas nos momento apropriados
da pescaria.
Tudo pronto pegamos o rumo
do Rio Jacaré, que dista 60 Km do ponto onde estamos,
e gastamos mais ou menos uma hora de navegação.
Bem! Uma hora com o motor
de popa Yamaha de 90 cavalos a 4.100rpm, andando a 60Km/h.
As distâncias nestes grandes lagos são imensas
para as embarcações. Nessas viagens alem do
tanque de 60L de gasolina cheio, ainda levamos mais 60 litros,
pois podem ocorrer surpresas. Por exemplo, em uma ocasião
pegamos um temporal de verão, um cúmulo nimbos,
e com um mau tempo que tornou a represa um verdadeiro mar
de ondas. Aí sim a coisa fica feia. Gastamos 3 horas
do Jacaré à Dinâmica com o motor a 2.000
a 2.700 rpm. As grandes ondas são obstáculos
significativos para a navegação. A velocidade
máxima que se pode andar é em torno de 20Km/h.
Mais que isso, toma-se um banho louco e a lancha começa
a voar por sobre as ondas, o que pode ser perigoso para a
navegação e desconfortável para os tripulantes.
Se não estivermos prevenidos com o combustível
fica-se na mão, pois nestas circunstâncias gasta-se
quase o triplo de gasolina.
Chegamos no ponto de pesca. Estamos
na boca da represa do rio Jacaré. Um lugar de sonho.
Esta é minha postura preferida para a pesca. Na proa
vai o Éder comandando o motor elétrico, com
os óculos polarizado e sua grande experiência
vai caçando os peixes. Para tirá-los do meio
dos camalotes ou das “algas” como eles chamam na região,
a vegetação flutuante nas beiradas da represa.
Ele usa uma isca artificial sem garatéia, assim ela
não enrosca em nada, e quando o tucunaré tenda
pegá-la descobrimos seu paradeiro e partimos para a
briga.
Em meio de tantas maravilhas, cruzamos
com esta mãe marreca com seus filhotes atravessando
um braço da represa do Jacaré. Desligamos o
motor elétrico e ficamos um tempo razoável vendo
este espetáculo maravilhoso da natureza. Ela não
se espantou conosco, pelo contrário, passou confiante
em nossa frente guiando sua prole como uma mãe corajosa
e destemida como demonstrou ser. São estes espetáculos
que enriquecem nossas aventuras e aquecem nossos corações,
na fria existência do “homem moderno” sempre atrapalhado
em sua complexa existência.
Mais a tardezinha, depois de termos pego uns 12 tucunarés
o Éder viu o rebojo deste monstro. Manobrou o motor
elétrico com maestria colocando-me em posição
de arremesso, jogou a isca sem garatéia e veio trazendo
o brigador da represa, que emoção! Logo atrás
da isca artificial uma onda se formou. O espécime havia
partido para o ataque, meu lance foi certeiro, 2 metros à
frente do bicho. Como uma flecha ele pegou a isca e partiu.
A limpa água da represa permitia descortinar todo este
espetáculo. Quando eu dei a ferrada, ele se sentindo
preso, saltou espetacularmente fora da água para se
livrar, mas, na cabo da vara estava eu, um mestre! Com a ajuda
da fricção e da técnica fui cansando
o indômito e soberbo peixe, até o final da briga
ele se manteve exuberante em sua luta. Estava usando uma linha
muito fina por isso resolvi entrar na água para pegá-lo
com a mão, este foi meu espécime do dia.
O sol no poente nos proporcionou,
como sempre, um cenário de rara beleza. Como em um
caleidoscópio as cores de alteravam conforme o lento
motor elétrico empurrava a embarcação.
Os altos cirros, refletiam a luz do sol iluminando o céu
que se espelhava na superfície serena da represa, compondo
belíssimos quadros de cores, luzes e sombras.
Descrever um cenário deste
é poesia. Contemplá-lo é um privilégio.
E saber que voltaremos uma esperança, sempre presente
em nosso pensamento.
Os altos cirros mostravam mudança
futura no tempo. De fato, lá pelas 22:00 um frente
atingiu toda a região. Ventou muito, mas choveu pouco.
Companheiros de pescaria, já devem ter ouvido alguém
falar:
- Nunca gostei de pescaria, este negócio de ficar com
a vara na mão esperando, esperando o peixe, não
é comigo não!
Será que estas pessoas têm noção
o que é realmente uma aventura de pesca? Será
que já viram um pôr do sol como este? Será
que sentiram a emoção de uma corrida espetacular
de um lutador das águas? Será que já
sentiram a frustração do arrebentar de uma linha
na estirada de um espécime perseguido a horas ou mesmo
dias. Não creio que nunca fizeram nada disto, estão
ainda com uma imagem de mais 60 anos atrás onde um
menino (neto) ao lado do avó, o vê pagar uma
velha botina no anzol em uma propaganda das Seleções
de 1942 ?
Pescaria é observar “in loco” a ecologia, é
aventura, é a busca do troféu, é o companheirismo
e a solidariedade...
Aí estão
reunidos todos os frutos de nossa humilde pescaria, muito
emocionante por sinal.
CANAL
DE PEREIRA BARRETO.
O Canal de Pereira Barreto como dissemos,
é um canal artificial, feito pelo homem, ligando a
Represa de Três Irmãos, Rio Tietê ao rio
São José dos Dourados que pertence a Represa
de Ilha Solteira que está a 50Km a jusante do canal,
ou seja liga o Tietê ao grande Rio Paraná.
Para pescarmos no Rio São José dos Dourados
ou no Paranazão temos que cruzar o canal de navegação.
Na primeira fotografia estamos na entrada
do Canal de Pereira Barreto. A ponte que se avista é
a da passagem da estrada que liga São José do
Rio Preto à Pereira Barreto (SP310), não resta
dúvida que é uma obra monumental e de grande
importância sócio-econômica para o Brasil.
Esta é uma histórica fotografia
minha com o prezado primo Augusto, cruzando o Canal de Pereira
Barreto. No momento havíamos acabado de passar por
uma grande balsa que cruzava o canal, estávamos indo
pescar lá perto Hotel do Kim, cujo gerente apelidado
de Macarrão, é nosso velho conhecido e muitas
vezes vamos almoçar por lá durante nossas batidas
de Tucunaré por aquelas plagas.
O Canal de Pereira tem aproximadamente 9Km de extensão.
Logo ao chegarmos no São
José dos Dourados nos deparamos com este Tuiuiú,
que é uma ave típica do Pantanal Mato-grossense.
No momento ele havia pego um peixe, parecia uma traíra
e estava triturando-a para depois engolir. Os Grandes Lagos
está se povoando com as aves pantaneiras: Gavião
caramugeiro, colhereiro, cabeça seca, garças
aos milhares, tuiuiú, jaçanãs, maçaricos,
gaivotas e andorinhões.
Esta é a imagem típica
do local dos tucunarés. Nesses braços de represa
onde ainda permanecem árvores, fora da água
ou já tombadas dentro da represa, servem de esconderijos
para os caçadores tucunarés. Ficam escondidos
atrás dos troncos e quando a presa passa, com a maior
facilidade ele a abocanha. Mas quando é um isca, eles
a pegam, e o pescador tem que ter muita tática, pois
a tendência deles e voltar às sua tocas, se enroscar
nos galhos e aí adeus tucunaré. Fisgar e guiá-lo
o mais rápido possível dos troncos ou das algas.
É a perícia contra a tática.
O dia havia amanhecido encoberto,
contudo o calor estava terrível. Ao meio dia resolvemos
fazer nosso almoço. Levantamos a capota para ficarmos
na sobra. Mas o Éder não resistiu antes de comer
pulou na água para se refrescar. Estamos nesse ponto
em um braço do rio São José dos Dourados.
Este é o famoso Fishfinder
250, um novo auxiliar da pesca e da navegação,
ele é acoplado ao GPS. Serve para mostrar a profundidade
do lugar onde estamos passando, para navegar a noite é
indispensável como veremos. Mostra os cardumes de peixes
ou peixes isolados em 3 tamanhos na escala, Mostra a natureza
do fundo das águas que estamos navegando, no caso estamos
sobre algas e o fundo é de barro. Mostrando uma profundidade
de 2,6 metros, dois cardumes a 2metros de profundidade. Mostra
também a velocidade do barco.
Como auxiliar de pesca esportiva ele é de muito pouca
utilidade, ou melhor, quase nenhuma, pois as vezes estamos
sobre um cardume de peixes, e não pegamos nenhum, eles
simplesmente não querem comer, ou a isca não
é a própria.
Ele é de muita utilidade para as pescas predatórias
em barcos pesqueiros, pois quando acham um cardume, descem
aquelas imensas redes e aí! Todos os peixes querendo
ou não são pegos no arrastão, até
tartarugas e golfinhos são levados para a morte, é
triste!
A pescaria foi excelente, pegar umas
3 espécimes, mais alguns de menor porte, mas o importante
foi que durante toda a pescaria teve muita ação,
momentos de expectativas e de fortes emoções.
As piranhas tem nos dado muito trabalho, tem momentos que
pega-se piranhas já de porte considerável. As
pirambebas também estão presentes, mas faz parte
do esporte.
Fisionomias de felicidade ao final da pescaria.
O Gustão a cada embarque, lembrava de seus ante-passados
e gritava “macuco no embornal”, creio que essa frase deve
ter sido proferida na realidade a mais de 100 anos pelos nossos
avós, no sertão do salto do Avanhandava, na
epopéia da abertura do noroeste de São Paulo,
vindo a lembrança , grande tio Narciso, o Homero, tio
Ranulpho e tantos outros de histórias passadas.
Já no porto da Dinâmica das
Águas, o sol despedindo do dia maravilhoso que havíamos
passado. Uma calma repleta de entusiasmo invadia nossas almas.
O Éder grande companheiro sentindo-se realizado pois,
foi o mestre da pesca e nós...bem nossa fisionomia
diz tudo.
Nos esperava para o jantar, uma caranha assada e recheada
feita especialmente para nós, oferta do gerente pelo
“brilho” de nossas pescarias. Será?
UMA PESCARIA NA ÁGUA FRIA PARA ENCONTRAR O AUGUSTO
E SEU FILHO GUTO (o rei da pesca).
Viagem
a Pereira Barreto no dia 17-07-2003.
“Sem pretensão e para matar o tempo”
A sexta-feira havia chegado, como minha
proposição era não trabalhar às
sextas a tarde, tinha que honrar o proposto. Entre as minhas
opções de laser a melhor como sempre tem sido
ir pescar. Assim as 11:00h, pedi a Dane que ligasse para o
Eder esperar-me as 17:00 na Dinâmica das Águas,
pretendia pescar ainda um pouco na sexta-feira mesmo.
Ele bem entusiasmado respondeu que estaria esperando-me com
a traia pronta.
Saí do consultório o mais rápido que
foi possível e cheguei em casa 11:45, almocei.
Bateu aquela preguiça, não é bem preguiça,
é aquela acomodação que os sexagenários
sentem, uma grande vontade de ir e um desejo de ficar mesclado
na indelével tendência da acomodação.
Fui para o quarto, deitei um pouquinho, e a estrada até
Pereira Barreto começou a passar, a uma velocidade
vertiginosa, pela minha mente. A distância ia aumentando
a cada minuto que passava, as dificuldades também,
era uma luta de forças no consciente já meio
entorpecido pelo sono. Minha viagem virou um túnel
do tempo e eu me vi, um dia, que poderia não estar
distante, querendo ir pescar e não conseguindo me mover,
implorando para alguém levar-me. Seria muito triste.
Somente via a solidão em minha futura rota!
Assim, dei um pulo da cama, escovei os dentes, passei uma
água na cara e me mandei.
“ Uma pescaria a menos, não tem volta, você poderá
fazer outra, mas aquela do dia 17 de julho de 2003, nunca
mais”.
E assim é para tudo em nossa vida. Nosso espírito,
nossa mente, não deve erguer obstáculos abstratos
para nossos objetivos, pois no futuro, seremos julgados pelas
defecções que tivemos, e, julgado seremos, pelo
pior juiz que existe, nossa própria consciência!
O material de pesca já estava na
Cherokee, a sacola de viagem sempre pronta para partir, passei
na loja de conveniência para pegar uns comes e bebes
e as 12:45h já estava no anel viário de Ribeirão
Preto, minha pretensão era chegar em Pereira as 16:40,
para dar tempo de uma pescadinha.
Ates de ligar a música no carro,
procurei recordar o que havia feito no consultório
aquela manhã:
- Não me veio nada na mente!
Trabalhei das 8:00h até as 11:00h, atendi uns 5 clientes
para cirurgias e naquele momento na estrada, enquanto passava
pela mata de Santa Tereza não me recordei de nenhum
trabalho realizado. É incrível, quando no sangue
jorra a adrenalina para um laser parece-me que limpa-se tudo
de negativo ou de preocupações da mente.
Nas veias e artérias o sangue flui desimpedindo tudo,
o cérebro se oxigena e libera tudo, as dores do corpo,
já viajado, somem; o cansaço se evapora na longa
faixa preta do liso asfalto a ser percorrido; e, mais importante
que tudo; a perversa preguiça, nada mais é que
uma sombra distante na mente excitada!
Depois do pedágio liguei o som. Havia
colocado 6 CDs na disqueteira, por sinal a primeira música,
fortaleceu muito meu espírito, já entusiasmado.
O Arranjo do Hino Nacional do Brasil, feito em 1938, pelo
embaixador dos USA, Gottichank, tocado por uma das maiores
pianistas que tivemos, Guiomar Novaes. É uma música
simplesmente maravilhosa, tem a duração de 10
minutos, ao final da música estava em Barrinha onde
termina o primeiro trecho da pista dupla.
Estava sozinho, assim as músicas
foram de meu gosto, do começo ao fim da viagem. Quando
ando com companheiros, sinto-me constrangido de ouvi-las,
pois dou preferência aos clássicos e não
conheço os modernos. As músicas pegas pela Internet
(Kazaa), tem propiciado coleções de músicas
clássicas, que anteriormente eram inimagináveis
para mim. Por exemplo, esse Hino Nacional, achei em um “site”
nos USA.
Já existem disqueteiras para músicas MP3, assim
em 6 CDs cabem pelo menos 900 músicas, ou seja, mesmo
em uma grande viagem não se repete nenhuma, se quisermos.
A música tem sido grande companheira em minhas solitárias
e longas viagens.
Estava com o tanque do Jeep cheio, autonomia
de 530 Km, comida a bordo, não pretendia parar em nenhum
lugar, mas quando cheguei em Rio Preto, não teve jeito,
tive que fazer uma parada técnica.
A estrada estava livre, a Cherokee andando
como nunca, assim as 16:30h estava chegando na Dinâmica
das Águas, já havia me comunicado com o Eder
em General Salgado, a 30 minutos fora. Ele me esperava pronto.
Francamente é muito bom, saí do Jeep e subir
na lancha, e partir para uma pescaria sem nenhuma pretensão,
a não ser, matar o tempo.
O sol fazia um ângulo de 30 graus
no horizonte, a bruma seca das queimadas fazia a luz do sol
ficar de um vermelho sangue, não havia vento, a temperatura
da água 24 graus e do ambiente 25 graus, situação
ideal para a pesca de tucunarés.
O trator comandado pelo Paima, nos levou
prontamente para a embarcadouro. A tempo. O Paima é
quem toma conta dos barcos no hotel. Mediante uma gorjeta
ele tem mantido minha embarcação super limpa
e com uma manutenção invejável, dá
gosto de utilizar uma equipamento nessas circunstâncias.
Acionei a partida, na segunda, os 90 HP
do motor entrou firme e silencioso, como se estivesse com
vontade de navegar em profundas águas. Saí manso
do porto, a 1000rpm, para aquecimento da máquina. O
GPS zerado, dei um “ Go To” para o Tucuna 12, lugar onde iríamos
pescar, distava do ponto de partida 22Km, em direção
a sudoeste, com um tempo estimado de navegação
de 15 minutos a 4.000rpm. Quando se navega em 2 passageiros
a velocidade vai a 68Km/h. O lugar onde íamos ficava
praticamente do outro lado da represa de Três Irmãos,
no lado oposto ao canal de navegação do Tietê.
As 17:00 começamos pescar. A água
estava muito limpa, via-se as grande algas do fundo da represa
se agitando levemente, em movimentos cadenciados em direção
ao leito do rio Tietê, o sol havia baixado para menos
20 graus, o GPS assinalava o por do sol as 17:41h. No céu
as nuvens, altos cirrus uncinos refletiam e decompunham a
luz vermelha do sol em centenas de matizes de rara beleza,
que se alteravam a cada minuto como um caleidoscópio
celeste de rara sutileza. Essas mudanças na luminosidade,
tornavam a água da represa ainda mais clara e o fundo
mais visível, somente estes espetáculos da natureza
já compensaram muito a viagem, fiquei por um certo
tempo, contemplando toda a grandiosidade deste ciclópico
espetáculo, até que o Eder gritou:
- Vamos lá doutor, olha o tucunaré, o que pega
peixe é anzol na água!
O belo azulão do peixe, partiu como um bólido
para a isca, a água se agitou em um turbilhonamento,
eu o perdi de vista, mas a linha esticada e sulcando a água,
mostrava tudo e foi a fisgada certeira no momento exato. Estava
pego. O bichão pulou lá ao longe e iniciamos
a luta.
Foi uma sucessão de expectativas, ações
e capturas.
O tempo passou tão rápido que nem vimos.
O por do sol como sempre um espetáculo único
de luzes multicoloridas e sombras. Em um determinado momento,
eu não conseguia mais ver a linha para acompanhar a
puxada dos peixes, foi o momento de pararmos de pescar.
Sentei-me na popa do barco, e esperei a
noite chegar, com a lancha flutuando ao leu pelo braço
da imensa represa. Pedi ao Eder que ficasse em silêncio.
Queria ouvir a noite chegar na solidão daquele recanto
perdido, no labirinto das águas da grande represa.
Foi realmente muito emocionante, a escuridão nos engoliu
como alguma coisa que brotasse das profundezas das águas,
nos envolvendo em um manto de silêncio, onde havia um
completo predomínio de sombras e escuridão.
O céu ainda encoberto pelos altos estrados difundia
uma luminosidade fantamasgórica no ambiente, apenas
o barulho das aves noturnas quebravam o silêncio da
noite que se iniciava.
Eu estava com um facho, farol de 1.000.000 de “lux”, que adquiri
na Martinele e estava com muita vontade de voltar lentamente
pelas margens da represa iluminando tudo com a potente luz.
Pretendia ver as capivaras e outros animais noturnos que eventualmente
poderiam estar andando pelos alagados da represa.
De repente, passei a não me sentir
confortável, a escuridão tornou-se abafadora,
como alguma coisa concreta a nos envolver, a tênue luz
da abóbada celeste desapareceu, as sombras sumiram
ficando somente a escuridão.
Segurei as pontas mais uns 10 minutos, o Eder começou
a ressonar, pois havia cochilado, passei a não ver
nem a sombra dos morcegos insetívoros e curiangos que
nos sobrevoavam caçando os insetos abundantes nestes
lugares.
Chamei o Eder, e acendi o facho. Susto! Não se via
nada para nenhum lado. Uma densa névoa havia nos envolvido
completamente. Era um fenômeno sabido mais não
previsto por nós.
A água da represa, 24 graus C era mais quente, pois
o ar estava gelado 17 graus, a temperatura havia caído
muito, assim o vapor de água saindo água represada
se condensa em uma neblina espessa e opressora. Se não
tivéssemos equipados, estaríamos perdidos na
imensidão do braço de represa por onde havíamos
penetrado para pescar.
Liguei o GPS e acendi a tela do mesmo com a máxima
luminosidade, dei um Track Back para o porto da Dinâmica
e prontamente ele nos deu a rota. Liguei o DeepFonder, estávamos
em uma área muito rasa, menos de 1 m de profundidade,
ligamos o motor elétrico e iniciamos o Trak Back lentamente.
Quando a profundidade atingiu 2m ligamos o motor de popa e
iniciamos a volta para o porto com navegação
por instrumentos. Não deixei a velocidade passar de
20Km/h, pois poderia haver um pau ou coisa semelhante pela
frente, pois o GPS não é um radar.
Estávamos a 25Km do porto. Depois de uns 30 minutos
de navegação encontramos a primeira bóia
de navegação da represa, ai pude aumentar a
velocidade para 35Km/h. Somente a 5 km da Dinâmica das
Águas é que começamos de forma embaçada
ver a sombra das luzes da cidade. Mas, somente a 21:00 é
que chegamos, aliviados por ter chegado bem.
Felizmente havíamos pego 8 belos tucunarés.
Nota: Na neblina, de nada adianta o facho de 1 milhão
de lux, pois como na estrada, quanto mais se ilumina menos
se vê.
Na chegada tiramos estas fotos, e consideramos
a tarde maravilhosa, nem tanto pelos peixes pegos, mas pelas
emoções e cenários que foi possível
desfrutar. Ao final pegamos 8 espécimes e soltamos
outras que ainda eram pequenas para o embarque. As fotos estão
ruins, mas é uma recordação da prazerosa
tarde de 17-07-2003.
A noite fomos comer uma pizza e pegamos
um suculento lanche, pois no outro dia queríamos sair
bem cedo com destino ao Rio Jacaré, que fica a 60 Km
de Pereira Barreto.
A noite para vir o sono, tomei meus calmantes de costume:
Noctal de 2mg e ½ lexotan de 3mg, mesmo assim o sono
não vinha. Fiquei lendo o penúltimo livro do
Folha de São Paulo “ A Linha da Sombra” , o tempo passando
e nada de sono.
Senti a temperatura cair acentuadamente, saí lá
fora do chalé para ver como estava o tempo.
Corri o facho de luz pelo canal de navegação
de Pereira Barreto, que fica em frente o chalé, a névoa
já havia se dispersado. Havia milhões de estrelas
no céu. Felizmente não estava ventando nada.
A massa de ar frio penetrou na região, lenta e silenciosamente,
como se estivéssemos derramando um melado denso em
um vasilha com água. “ O melado empurrou para longe,
em direção ao NW o ar quente” e o frio veio
para valer. Entrei no Jeep e liguei o computador para ver
a temperatura, deu 15 graus C as 24:00h de 17-07-2003.
Tinha que me preparar para a pescaria do outro dia, pois viajar
de lancha com um frio destes não é mole.
No outro dia o Eder me acordou ainda era
escuro 6:00h, saímos as 7:00h com destino ao Jacaré.
Assim saí de Pereira Barreto
as 7:00h.
A temperatura da água era de 22 graus C, mas o ar ambiente
estava a 17 graus C. Tive que me agasalhar muito para a viagem
de 60km até o Jacaré. Com a força da
lua, minguante, a água estava um pouco viva e encrespada,
mas deu para subir o Tietê a 4.000rpm, a uma velocidade
68Km/h.
Assim cheguei no Rio Jacaré,
com 1 hora de viagem. Não preciso dizer que nesta velocidade
toda parte exposta do corpo fica congelada. Assim cheguei
no rio Jacaré, embrulhado e congelado, mas muito animado.
A água limpa, sem vento prometia grande pescaria de
tucunaré.
Na primeira fotografia o Eder ainda
congelado está colocando o motor elétrico, para
início da pescaria. Na segunda a área onde iniciaríamos
a captura dos azulões, maravilhosa estava a água
e encantador o panorama geral deste braço da Represa
de Três Irmãos do Rio Jacaré.
Nessas horas sempre agradeço muito a Deus a oportunidade
de estar nestes lugares paradisíacos, com saúde,
com Ele no coração e com muita fé no
dia de pescaria que se iniciava.
Depois de 1 hora de busca, pegando
pequenos exemplares, nos deparamos com um cardume dos grandes
azulões. Aí está um dos exemplares. Para
quem gosta de uma boa briga, com um equipamento apropriado,
ou seja, linha 0,35, carretilha Shimango 10000 e uma varinha
de carbono para 15 lb, é uma briga e tanto, é
emoção para mais 1 semana de consultório
tranqüilamente.
Nestas horas sinto falta de ter um amigo junto, para desfrutar
de tanta coisa boa, o Gustão, o José Milton
e outros companheiros, que gostaria que estivessem aqui para
viver essas experiências maravilhosas e inesquecíveis.
Espero não faltar oportunidade.
Já combinei a próxima com o Gustão, aqui
em Pereira e a outra com o José Milton, assim que esquentar,
lá em 7 Lagoas na “Águas do Treme”.
Eram 13:00h, havíamos pego 12 grandes
tucunarés com os 8 da tarde anterior já era
uma excelente pescaria. Pegar mais que esta quantidade é
abusar, é destruição e anti ecológico.
Assim acomodamos tudo, para irmos embora,
No GPS estão
marcados os dois pontos (peixinhos na tela), onde pegamos
os dois cardumes de tucunarés no braço do Rio
Jacaré. Os traçados na tela são os caminhos
percorridos por nós para chegar nestes pontos. Esses
braços na represa, de Três Irmãos que
tem um área de 780 quilômetros quadrados, somente
são memorizados por equipamentos como o GPS, caso contrário,
seria quase impossível retornar nestes lugares depois
de semanas, meses ou mesmo ano. No momento da fotografia o
equipamento está marcando que o barco vai lento a 24km/h.
Na segunda foto, vemos o motor elétrico recolhido,
e nós saindo com destino a Pereira Barreto (com os
macucos no embornal).
Esta é a
tela do sonar, o FishFinder da Apelco, o sol refletiu na tela
e não deu para vemos direito, mas importante notar
que a temperatura da água está a 22 graus C,
a profundidade neste lugar 12 metros e o fundo era plano e
provavelmente de arreia recoberto por algas.
Eram 13:00h, esta
a imagem final da pescaria, a lancha está levantando
o bico, pois estou acelerando para o Hotel.
Na minha viagem de ida para a pescaria,
no dia anterior, sexta-feira, quando estava em São
José do Rio Preto, recebi um telefonema do primo rico,
Augusto, para, na minha volta de Pereira, passar em Araçatuba
na casa dele, para jantar ou mesmo posar lá e colocarmos
nossa prosa em dia.
Como sempre aceitei o amável convite.
Gastei 45 minutos na volta do Jacaré
para Pereira Barreto, as 14:00h, já estava no chalé.
Fui fazer barba, banho, e o Eder arranjar os peixes na geladeira,
pois pretendia partir para Araçatuba.
Tudo correu bem, as 15:30 estava saindo para casa do Augusto
em Araçatuba.
Fui recebido pelo primo e pela Alice com
flores. É muito bom termos um lugar tão agradável
e bonito para ser recebido. A Alice Maria nos recebe sempre,
com muita propriedade e cortesia. Sua hospitalidade já
é uma marca registrada em sua personalidade. Dá
gosto estar com estes primos, o Gustão é como
um irmão para mim. Esta orquídea da foto foi
presente do Gastão para o Gustão. A casa estava
muito linda e o jardim de inverno ao fundo é uma obra
de arte, parabéns aos primos e obrigado pela hospitalidade.
Senti-me honrado nesta fotografia. Reparem
a elegância da Alice Maria e a maravilha que é
este ambiente. Até a cachorrinha combina a cor com
o tapete, gente fina é outra coisa. Maravilha, Alice!
Esta foi a última foto de minha
excelente viagem. Tenho que constar os seguintes aspectos
de minha estada no Augusto:
1. Combinamos de irmos pescar na segunda semana de agosto
lá em Pereira Barreto, eu e ele.
2. O Guto, grande especialista em equipamentos de pesca, examinou
minhas carretilhas e varas e as achou muito boas.
3. O Augusto e o Guto, foram conferir o tamanho de meus pescados,
ficaram satisfeitos e senti firmeza por parte de ambos.
Saí de Araçatuba as 10:30h para vir almoçar
em Ribeirão Preto onde cheguei as 13:30, tendo realizado
uma ótima viagem.
Bem, talvez nunca ninguém vá
ler esta minha viagem. Pois ela não tem nenhum aporte
literário ou suporte da língua portuguesa, mas
é uma recordação do que vivi, foi um
momento onde me lembrei de todos os amigos e da família,
momento que me senti muito próximo ao Criador deste
universo maravilhoso.